A questão financeira ainda é pouco explorada no ambiente familiar, mas nunca é tarde para começar a ensinar os filhos.
Quando pensamos em transmissão de ensinamentos para os filhos, a educação financeira quase nunca entra nessa composição. A questão financeira é pouco explorada na criação dos descendentes e, às vezes, é tida como assunto inapropriado para ser tratado com crianças e adolescentes. Entretanto, o que poucos refletem é que, quando bem introduzida na criação dos filhos, ela pode ser fonte de aprendizado de valores e se tornar um legado para a vida.
Mas quando iniciar esse ensinamento e como fazê-lo? A boa notícia é que nunca é tarde para começar a ensinar os filhos sobre o assunto. Fábio Murad, sócio-diretor da Ipê Investimentos, ressalta a importância de integrar a educação financeira na vida das crianças desde cedo, adaptando o ensino às necessidades e interesses de cada fase.
Não há uma idade exata para começar, mas o momento em que a criança começa a lidar com números, geralmente no primeiro ano do ensino fundamental, pode ser um bom marco. Porém, o mais importante é abordar o tema de maneira natural e sem pressões, afirma Murad.
O especialista enfatiza que os ensinamentos de educação financeira podem surgir das necessidades cotidianas. “A gestão do dinheiro começa com práticas simples, como apagar as luzes ao sair de um cômodo, organizar uma lista de compras para o supermercado e até mesmo com a responsabilidade que vem com a mesada. Esses pequenos hábitos podem ajudar as crianças a desenvolver uma compreensão saudável sobre o valor do dinheiro e o uso consciente dos recursos”, explica.
Formação de valor
Outro ponto destacado por Murad é a necessidade de ensinar os filhos a valorizar o dinheiro e desenvolver uma relação equilibrada com ele. “Um dos princípios que passo aos meus filhos é que ‘dinheiro não dá em árvore’. Precisamos sempre pensar no futuro, economizando e vivendo dentro dos nossos meios. Essa mentalidade não só promove a humildade, mas também prepara as crianças para enfrentar os desafios financeiros da vida adulta”, comenta.
Murad também destaca a importância de conectar a educação financeira com a sustentabilidade ambiental. “Quando ensinamos as próximas gerações a serem menos consumistas e mais conscientes em relação ao dinheiro, estamos também contribuindo para um futuro mais sustentável, tanto financeiramente quanto ambientalmente”, afirma.
Legado para a vida
A falta de educação financeira gera impactos diretos na economia nacional. O endividamento crescente das famílias brasileiras, como indicado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é um reflexo dessa falta de preparo. Fábio Murad acredita que a educação financeira é fundamental para formar indivíduos mais conscientes e menos alienados sobre a relação com o dinheiro. “Quando educamos nossos filhos financeiramente, estamos ajudando a moldar uma geração mais preparada e responsável. Isso, por sua vez, contribui para uma sociedade mais equilibrada e sustentável”, diz Murad.
Fábio Murad finaliza reforçando a responsabilidade dos pais em tratar desse tema no ambiente familiar. “No meu tempo, falar de dinheiro com crianças era tabu. Mas, com meus filhos, fiz questão de quebrar esse ciclo, envolvendo-os nas discussões financeiras da nossa casa. Hoje, vejo que essa abordagem fez toda a diferença, pois eles cresceram entendendo a importância de lidar bem com dinheiro e de tomar decisões financeiras conscientes. Esse é o verdadeiro legado que podemos deixar para eles”, conclui.