O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a indicação de Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central (BC). A escolha foi divulgada nesta quarta-feira (28) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Planalto.
Haddad informou que Lula encaminhou ao Senado Federal a indicação de Galípolo, que atualmente ocupa a Diretoria de Política Monetária do BC. A indicação de Galípolo ainda precisa ser aprovada pelo Senado.
Galípolo será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e, em seguida, seu nome será submetido à votação secreta no plenário.
A sabatina deve ser marcada para 10 de setembro, informou a Reuters, com fontes.
“É uma honra enorme, uma grande responsabilidade e eu estou muito contente”, destacou o candidato.
Se aprovado, ele sucederá Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2019, que continua no cargo até dezembro deste ano.
Relação de Galípolo com Lula
Lula já havia dado indícios da indicação de Galípolo ao chamar de ‘menino de ouro’ e de uma ‘honestidade ímpar’. Em evento no mês de junho, o presidente da República afirmou que ele “tem todas as condições para ser presidente do Banco Central”.
Segundo a TV Globo, Galípolo havia retornado a Brasília antecipadamente para estar disponível para a apreciação de seu nome no Congresso antes das eleições municipais.
Na entrevista de junho, Lula disse que “indicaria uma pessoa que primeiro entenda de política monetária. Segundo que seja uma pessoa que goste e tenha compromisso com o Brasil.”
Expectativas do mercado
O mercado já esperava a escolha de Galípolo. O diretor de Política Monetária participou de um jantar do presidente Lula em junho na casa do Ministro da Fazenda com um grupo de economistas. A alta do dólar teria sido discutida durante o evento.
Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, afirmou nesta semana “que a troca de comando no Banco Central, com a possível ascensão de Gabriel Galípolo, sugere que uma alta dos juros pode ser uma estratégia para garantir a credibilidade da nova gestão e principalmente abrir espaço para cortes futuros”.
Antes do jantar na casa de Haddad, a Folha de São Paulo confirmou que Galípolo teria viajado com o presidente Lula em uma viagem de São Paulo para Brasília. O evento não constou nas agendas de ambos. Após essa viagem, o presidente da República autorizou a formalização da meta contínua de inflação de 3% em reunião com Haddad e Galípolo.
Histórico de Gabriel Galípolo
Galípolo é formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), além de ministrar aulas na instituição entre 2006 e 2012.
Ele atuou na campanha e na equipe de transição do governo. Trabalhou no Ministério da Fazenda antes de ingressar no BC. Atualmente, Galípolo é diretor do BC e chegou a substituir Campos Neto durante as férias dele em julho.
Antes de sua atuação no Banco Central, Galípolo foi presidente do Banco Fator de 2017 a 2021. Ele esteve envolvido no processo de privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Ele também foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos de São Paulo e diretor de Estruturação de Projetos na Secretaria de Economia e Planejamento do Estado. Em 2009, fundou a Galípolo Consultoria, onde trabalhou até ingressar no Ministério da Fazenda em 2022.
Posição de Galípolo
Recentemente, Galípolo votou pela manutenção da taxa de juros em 10,50%, um movimento interpretado como demonstração de independência em relação ao Executivo.
Para o candidato ao cargo de presidente do BC, a função da autoridade monetária no momento é ajustar o crescimento de demanda para que “não esteja ocorrendo de maneira desordenada com a oferta, que vá produzir um processo inflacionário, que vá corroer esta renda que vem crescendo.”
*Matéria originalmente publicada às 16:46 desta quarta-feira, 28 de agosto.