O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (26) o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que destacou a elevação dos riscos inflacionários e a necessidade de uma política monetária contracionista prolongada. Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, analisou o documento e afirmou que o BC reforça sua postura de manter os juros altos por pelo menos dois anos.
Segundo Conde, o relatório não trouxe surpresas, mas foi claro ao apontar que a inflação não é um fenômeno pontual, mas resultado de um aquecimento econômico sustentado, com alta na demanda, salários pressionados pela escassez de mão de obra e o estímulo fiscal do governo.
Além disso, ele destaca que a falência de muitas empresas durante a pandemia dificulta a oferta de bens e serviços, o que permite que as empresas sobreviventes aumentem seus preços e margens de lucro.
O RTI sugere que o Banco Central continuará vigilante, mantendo os juros elevados para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas em torno da meta inflacionária.
O relatório
As projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 foram revisadas para cima, de 2,30% para 3,20%, apontou o Banco Central (BC) em edição do Relatório Trimestral da Inflação (RTI) publicada nesta quinta-feira, 26 de setembro.
Essa revisão reflete a dinâmica positiva da economia do Brasil e a resiliência observada em diversos setores, de acordo com a autoridade monetária.
Contudo, a inflação acumulada em 12 meses subiu de 3,80% em maio para 4,20% em agosto, o que indica que, apesar do crescimento, a dinâmica de preços continua a ser uma preocupação.
As expectativas dos analistas econômicos em relação à inflação no curto e médio prazo pioraram, uma vez que se distanciaram ainda mais da meta estabelecida.
Para o horizonte relevante da política monetária, que abrange o primeiro trimestre de 2026, a projeção de inflação foi de 3,5%.