Nova presidência no PL?

Valdemar atribui desempenho do PL a Bolsonaro e sinaliza preferência por Rogério Marinho na presidência

"Se fosse para trocar a presidência do PL, eu ia querer que o cargo ficasse com o Rogério Marinho.'', disse o presidente do PL

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O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto, comemorou o desempenho da sigla nas eleições municipais, destacando o papel decisivo do ex-presidente Jair Bolsonaro no resultado.

Segundo Valdemar, a influência de Bolsonaro foi fundamental para que dez candidatos do PL tenham avançado ao segundo turno em capitais brasileiras, superando as expectativas.

“Se alguém considerava o Bolsonaro morto, está aí o resultado. Ele é um fenômeno de votos.”, afirmou Valdemar, em entrevista ao jornal O Globo.

A expectativa inicial de Bolsonaro era que o PL tivesse candidatos disputando o segundo turno em quatro capitais (Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Manaus), mas o resultado foi ainda mais positivo, com seis capitais envolvendo candidatos da legenda.

No entanto, o ex-presidente não conseguiu levar seu candidato Alexandre Ramagem ao segundo turno no Rio de Janeiro, onde o atual prefeito Eduardo Paes (PSD) saiu vitorioso.

Força-tarefa e mobilização nacional

Visando fortalecer a campanha para o segundo turno, Valdemar anunciou a criação de uma força-tarefa que contará com a participação dos filhos de Bolsonaro, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

O objetivo é reforçar a campanha nas cidades onde os candidatos do PL estão no segundo turno, principalmente em cenários polarizados contra o PT.

Cuiabá e Fortaleza são exemplos de capitais em que o PL disputará o segundo turno contra candidatos petistas.

Em Cuiabá, Abílio (PL) enfrentará Lúdio Cabral (PT), enquanto em Fortaleza, André Fernandes (PL) enfrentará Evandro Leitão (PT). A expectativa é que Bolsonaro se envolva ativamente nas campanhas, especialmente nesses locais, para impulsionar seus aliados.

Valdemar também destacou o desafio financeiro para o segundo turno, já que o partido não contará com recursos do fundo eleitoral. Para contornar essa limitação, o presidente do PL afirmou que o partido buscará doações para suprir as necessidades de campanha.

Rogério Marinho no comando do PL?

Outro ponto destacado por Valdemar foi a sucessão na presidência do partido. Embora Bolsonaro tenha sugerido publicamente que seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), assumisse o comando da legenda, Valdemar indicou preferência pelo senador Rogério Marinho (PL-RN).

Valdemar elogiou o trabalho de Eduardo Bolsonaro na articulação com lideranças conservadoras internacionais, mas acredita que o parlamentar tem pouco tempo disponível para gerir o partido de maneira efetiva.

Por isso, Valdemar defende que Eduardo assuma um posto específico de embaixador internacional do PL, enquanto ele mesmo continua à frente da sigla. Caso uma troca seja necessária, Valdemar disse que gostaria de ver Rogério Marinho no cargo.

“Se fosse para trocar a presidência do PL, eu ia querer que o cargo ficasse com o Rogério Marinho. Ele é atuante no partido, tem mais tempo. Eduardo visita dois ou três estados por mês, é uma loucura.”, explicou.

Restrições legais

A possibilidade de Valdemar deixar o comando do partido também surgiu em meio a uma restrição legal imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o proibiu de ter contato com Bolsonaro.

A medida faz parte de uma investigação sobre a suposta tentativa de golpe de estado envolvendo ambos. Por essa razão, Bolsonaro tem articulado suas conversas com Valdemar por meio de Eduardo.

Apesar das especulações sobre a troca de comando, Valdemar indicou que, por ora, pretende continuar à frente do partido, reforçando o desejo de manter Rogério Marinho como seu sucessor se eventualmente deixar o cargo.

Eduardo Bolsonaro também já demonstrou interesse em assumir a presidência do PL, mas afirma que ainda precisa discutir o tema com seu pai e com Valdemar.