Coluna da Daniela Zuccolotto

O caso Nike: veterano retorna da aposentadoria para recuperar a missão da empresa

Uma notícia recente sobre o retorno do profissional aposentado, Elliot Hill, para comandar a Nike movimentou o mercado

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Uma notícia recente sobre o retorno do profissional aposentado, Elliot Hill, para comandar a Nike movimentou o mercado.

Hill, que trabalhou por 32 anos na companhia, de estagiário de vendas em 1988 à presidente da divisão de consumo antes de se aposentar em 2020, foi nomeado como CEO e assumirá a empresa a partir de 14 de outubro.

Ele veio substituir John Donahoe, que ocupou o cargo por quatro anos, e foi responsável pela estratégia de desenvolver o comércio eletrônico e impulsionar a divisão de venda direta ao consumidor, através de lojas próprias, aplicativos e sites, a fim de depender menos de outros varejistas.

Com isso, a distribuição dos produtos Nike para gigantes do comercio esportivo, como a Foot Locker, multinacional americana que opera em mais de 40 países, foi reduzida, deixando espaços nas prateleiras vazias para a concorrência ocupar.

Somado a isso, Donahoe fez cortes de custos significativos, incluindo a demissão de 2% da força de trabalho, e inovou pouco na criação de novos modelos de sucesso, ficando dependente de produtos mais antigos, o que levou a uma perda de participação de mercado e a saída de talentos do setor de design.

Como resposta do mercado, em 2023 as ações caíram 24%.

Com o enorme desafio de vendas e estagnação em um mercado altamente competitivo, a empresa foi buscar Hill, uma liderança experiente, na tentativa de restaurar a confiança, reparar as relações com os varejistas, reestruturar as operações e retomar o processo de inovação disruptiva, para recuperar e atrair novos consumidores. 

A história de inovação da Nike

Criada em 1964 pelo treinador de atletismo da Universidade de Oregon Bill Bowerman e pelo estudante e atleta da modalidade, Phil Knight, a Nike nasceu da obsessão do treinador por aperfeiçoar os calçados de corrida da sua equipe. 

Bowerman alterava as características dos modelos disponíveis com base em técnicas que aprendeu com um sapateiro local e Knight, um dos primeiros alunos a experimentar um desses tênis, constatou que realmente tinham uma qualidade superior. 

Depois de concluir seus estudos na Universidade, o atleta partiu para um MBA em Stanford e lá chegou à conclusão que o melhor lugar para a produzir tênis, com melhor custo-benefício, seria o Japão. 

Ele firmou uma parceria com o produtor de calçados Kihachiro Onitsuka (que mais tarde fundaria a Asics) e recebeu o primeiro carregamento de 200 tênis, que começou a vender no porta-malas do seu carro. 

Em 1964, Bowerman e Knight firmaram uma parceria e fundaram a Blue Ribbon Sports, que mais tarde mudou seu nome para Nike, inspirado no mito da “deusa” Niké (pronuncia-se niqué), a “deusa” da mitologia grega que personificava a vitória, a força e a velocidade. 

No seu primeiro ano de existência, a empresa conseguiu atingir a marca de 1.300 pares de sapatos vendidos e a partir daí nunca mais parou sua expansão. 

Em 1978, já tinha operações na América do Sul e na Europa. No Brasil, chegou em 1988, com o consagrado slogan “Just do it”, e em 2008 inaugurou sua primeira loja própria em território nacional. 

Ao longo de sua história, o crescimento da marca foi sustentado pelo foco em inovação.

Além da qualidade da matéria-prima utilizada, a Nike sempre investiu fortemente no desenvolvimento de tecnologias para criar produtos melhores e com desempenho superior aos concorrentes.

Seu conhecido laboratório de pesquisa, o Nike Sport Research Lab, empregou dezenas de pesquisadores com doutorado de várias disciplinas científicas, como biomecânicos, fisiologistas, químicos, cientistas da computação, desenvolvedores de materiais e, até mesmo, um astrofísico. 

Mas parece que a estratégia destes últimos tempos, de oferecer aos consumidores o que eles já conheciam e gostavam, acabou por ofuscar o verdadeiro espírito da marca.

E a solução foi buscar o veterano Elliot Hill, um profissional que viveu a cultura da empresa por três décadas, para resgatar a essência que sempre a definiu, devolvendo à prática seu propósito original, que é “levar inspiração e inovação para cada atleta do mundo”.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.