Quase unanimidade

Com 66 votos, senadores aprovam Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central

Ele deve assumir oficialmente o posto em 1º de janeiro de 2025

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central (BC)
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central (BC)

O Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (8), a indicação do economista Gabriel Muricca Galípolo para assumir a presidência do Banco Central do Brasil (BC) no período de 2025 a 2028.

Com uma votação secreta, Galípolo obteve 66 votos favoráveis e apenas cinco contrários, o que confirmou o seu nome para o cargo.

Ele deve assumir oficialmente o posto em 1º de janeiro de 2025.

Conheça Gabriel Galípolo

Atualmente, Galípolo ocupa a posição de diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) e foi indicado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para suceder o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto (RCN).

Natural de São Paulo, Galípolo possui 42 anos e traz uma vasta experiência na área econômica.

Ele foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no início da gestão de Fernando Haddad (PT) e possui formação acadêmica sólida, com graduação e mestrado em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).

Sua carreira acadêmica inclui atuação como professor universitário entre 2006 e 2012, além de ter presidido o Banco Fator entre os anos de 2017 e 2021.

Como foi a sabatina e quais foram os compromissos assumidos por Gabriel Galípolo

Na manhã desta terça-feira (8), Galípolo passou por uma sabatina de quatro horas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde recebeu aprovação unânime.

Durante a sabatina, ele reafirmou seu compromisso com a estabilidade financeira e a importância da autonomia do Banco Central, e enfatizou a necessidade de fortalecer a estrutura institucional da autarquia, especialmente em um contexto de redução do número de servidores.

O economista lembrou que o Brasil, que enfrentou hiperinflação na década de 1980, passou a ser reconhecido por sua estabilidade monetária e apresenta taxas de inflação comparáveis às das economias mais desenvolvidas do mundo.

Divergências e críticas marcaram a sabatina de Gabriel Galípolo

Durante a sabatina, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) expressou sua intenção de votar contra a indicação de Galípolo, e justificou sua decisão como um protesto contra as altas taxas e juros cobrados pelos bancos públicos.

Em contrapartida, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) anunciou seu apoio a Galípolo, mas também exigiu ações mais eficazes das autoridades brasileiras para combater as elevadas taxas de juros do cartão de crédito e do cheque especial.

Braga chamou a taxa de juros do crédito rotativo de “vergonha nacional” e enfatizou seu impacto negativo sobre a população mais carente.

Autonomia e liberdade no cargo: como Galípolo vê o Banco Central

Durante a sabatina, Gabriel Galípolo garantiu que exerce sua função com total autonomia, e destacou que o presidente Lula assegurou sua liberdade para tomar decisões que priorizem o bem-estar da população.

Em discussão no Senado Federal, tramita a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/2023, que visa conferir ao Banco Central (BC) autonomia financeira e orçamentária.

Se aprovada, a autarquia se tornaria uma empresa pública e aumentaria sua independência em relação ao Poder Executivo.

A proposta recebeu o apoio do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), primeiro signatário, e do senador Plínio Valério, relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Entretanto, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) já apresentou um relatório alternativo que se opõe à proposta.

Desafios legais para a autonomia do Banco Central

Paralelamente, um projeto em análise na Câmara dos Deputados (PLP 19/2023), de autoria do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), busca revogar a autonomia do Banco Central.

Este projeto atualmente está sob análise na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, e acrescenta mais um capítulo ao debate sobre a governança e a autonomia da autarquia.

As informações são de Agência Brasil.