O renomado publicitário Washington Olivetto faleceu no último domingo, 13 de outubro, aos 73 anos, após complicações surgidas durante uma cirurgia no pulmão.
Criador de campanhas icônicas, como o primeiro sutiã da Valisère e o famoso cachorrinho da Cofap e do garoto Bombril, Olivetto deixa um legado duradouro na publicidade brasileira e foi amplamente reconhecido como um dos profissionais mais premiados da área.
O publicitário estava internado no hospital Copa Star, localizado no Rio de Janeiro (RJ), e deixou três filhos: Homero, Antônia e Theo.
Início da carreira e primeiros prêmios
Nascido em São Paulo em 1951, Washington Olivetto iniciou sua trajetória profissional aos 18 anos, mesmo sem concluir a faculdade de publicidade na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).
Sua carreira deslanchou em 1974, quando, na agência DPZ, conquistou o primeiro Leão de Ouro brasileiro no Festival de Publicidade de Cannes com o comercial “Homem com mais de quarenta anos”.
Na DPZ, Olivetto formou uma famosa parceria com o diretor de arte Francesc Petit, e foi o criador do icônico garoto-propaganda da Bombril, reconhecido pelo Guinness Book como o personagem publicitário que permaneceu mais tempo no ar.
Após sua passagem pela DPZ, ele se uniu à agência suíça GGK.
Em 1986, ao lado dos sócios Gabriel Zellmeister e Javier Llussá Ciuret, assumiu o controle da empresa, que passou a se chamar W/Brasil, uma das agências mais renomadas do mundo.
Campanhas icônicas e prêmios internacionais: como Washington Olivetto nos representou mundo afora
Na W/Brasil, Olivetto foi responsável por campanhas memoráveis, como as do fabricante de calçados Vulcabras, o célebre cachorro da Cofap e a famosa dupla do Unibanco.
Seus comerciais “Primeiro Sutiã” (1987), para a Valisère, e “Hitler” (1988), para o jornal Folha de S.Paulo, são os únicos do Brasil a figurar entre os 100 maiores comerciais de todos os tempos.
Em 2010, a W/Brasil uniu-se ao grupo McCann, e Olivetto se mudou para Londres no final de 2017, onde atuou como consultor criativo da McCann Europa até 2019.
Seu trabalho foi tão impactante que inspirou duas músicas do cantor Jorge Ben Jor: “Alô Alô W/Brasil” e “Engenho de Dentro”.
Em 2015, ele foi o primeiro não anglo-saxão a ser incluído no “Creative Hall of Fame”, do The One Club.
A vida pessoal de Olivetto e a paixão pelo Corinthians
Washington Olivetto também era conhecido por sua paixão pelo Corinthians, clube do qual foi vice-presidente e um dos criadores do movimento Democracia Corinthiana, em 1981.
Em 2013, a escola de samba Gaviões da Fiel o homenageou em seu desfile de Carnaval, celebrado pela rica história da publicidade brasileira.
Nos últimos anos, Olivetto se dedicou a projetos de comunicação, como o podcast W/Cast, que contou com três temporadas em que abordava a publicidade brasileira.
Ele foi colunista do jornal O Globo e da rádio CBN.
Sequestro marca a vida de Olivetto
Em dezembro de 2001, Olivetto passou por um traumático sequestro, e foi mantido em cativeiro por cinquenta e três dias por criminosos chilenos e argentinos.
O resgate solicitado pelos sequestradores foi de R$ 10 milhões, mas nunca foi pago.
A polícia conseguiu prender seis envolvidos, e o mentor do crime, Norambuena, foi extraditado para o Chile em 2019.
Publicações e contribuições literárias
O publicitário também deixou sua marca na literatura com a publicação de seu sexto livro, “Só os Patetas jantam mal na Disney”. Outras obras de sua autoria incluem “Corinthians, É Preto no Branco”, “Os piores textos de Washington Olivetto”, “Corinthians x Os Outros”, “O Primeiro a Gente Nunca Esquece” e “O que a vida me ensinou”.