Crise de energia

No 5º dia de apagão, 100 mil imóveis seguem sem energia em SP

O governador Tarcísio de Freitas pede intervenção federal na Enel, enquanto a prefeitura de São Paulo entrou com ação judicial contra a empresa

No 5º dia de apagão, 100 mil imóveis seguem sem energia em SP

Nesta quarta-feira (16), São Paulo chega ao 5º dia de apagão com cerca de 100 mil imóveis ainda sem energia elétrica na região metropolitana.

Segundo a Enel, concessionária responsável pelo fornecimento de energia, 7,6 mil desses casos estão sem luz desde sexta-feira (11) e sábado (12), após o forte temporal que atingiu a região e deixou mais de 2 milhões de clientes sem energia.

Em nota divulgada às 6h desta quarta-feira, a Enel informou que equipes atuam desde o início da tempestade para restabelecer o fornecimento de energia aos clientes afetados e que continuam recebendo chamados de falta de luz ao longo dos dias.

“As equipes atuam, desde os primeiros momentos da tempestade de sexta-feira, no restabelecimento de energia para os clientes que tiveram o serviço afetado e para aqueles que ingressaram com chamados de falta de luz ao longo dos últimos dias”, afirmou a companhia.

Trânsito e abastecimento de água prejudicados

A falta de energia também afeta outros serviços essenciais. Durante o temporal, muitos semáforos foram desligados, e, apesar do esforço das equipes, alguns cruzamentos da capital ainda não foram restabelecidos.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o apagão desligou 187 semáforos. Até as 6h desta quarta, três equipamentos permaneciam apagados. “As equipes de campo estão nas ruas para auxiliar na fluidez do trânsito e na segurança da população”, disse a CET.

Outro impacto significativo foi no abastecimento de água. Em algumas regiões, o fornecimento foi interrompido devido à falta de energia para operar os sistemas de bombeamento.

No entanto, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a situação já foi normalizada e o abastecimento de água ocorre de forma regular em todas as áreas afetadas.

Governo pede intervenção federal na Enel

Diante da gravidade da situação, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e prefeitos de 15 cidades da região metropolitana entregaram, nesta terça-feira (15), uma carta ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitando uma intervenção federal na Enel ou a suspensão do contrato de concessão da empresa.

A carta foi entregue ao ministro Augusto Nardes, relator de uma auditoria sobre os contratos de concessão da distribuidora de energia.

Em reunião com o ministro, Tarcísio criticou duramente a Enel, afirmando que a concessionária se mostrou incapaz de prestar um serviço de qualidade em São Paulo.

“A empresa não sabia quais eram os hospitais que estavam sem energia. Nós tivemos que buscar diesel com a polícia militar para colocar o grupo gerador em operação, para que a UTI não parasse de funcionar. A empresa não sabia quais eram as instalações da Sabesp que estavam sem energia”, declarou o governador.

Tarcísio também criticou a falta de investimentos em infraestrutura por parte da Enel, mencionando que a empresa não adquiriu equipamentos importantes, como radares meteorológicos e anemômetros, por não ser remunerada por isso.

Ele sugeriu que, após a intervenção, fosse analisada a possibilidade de abrir um processo de caducidade (extinção do contrato) da empresa.

Prefeitura de São Paulo aciona a Justiça

A prefeitura de São Paulo entrou com um requerimento na Justiça paulista nesta segunda-feira (14) solicitando que a Enel restabeleça imediatamente o fornecimento de energia elétrica nos imóveis afetados, sob pena de multa diária de R$ 200 mil caso não cumpra a determinação.

O documento exige que a concessionária informe, no prazo de 24 horas, o tempo necessário para restaurar a energia em cada unidade, o número de equipes disponíveis, sua composição técnica, e a quantidade de atendimentos realizados.

Além disso, a prefeitura pediu que a Enel compartilhe em tempo real o posicionamento georreferenciado (GPS) dos veículos de suas equipes, bem como uma estimativa de atendimento para cada local afetado.

Essa ação judicial vem na sequência de uma petição da sexta-feira anterior, na qual o município já havia solicitado o posicionamento georreferenciado das equipes da Enel, mas a companhia alegou inviabilidade de cumprir a medida, e o processo foi suspenso.