Muitos investidores brasileiros têm demonstrado crescente interesse em diversificar suas carteiras com ativos mais estáveis e com exposição a mercados mais maduros. Essa tendência, na maioria das vezes, não é suprida no mercado brasileiro e vai além das fronteiras nacionais. Nesse contexto, os BDRs surgem como uma alternativa atraente para aqueles que desejam investir em empresas estrangeiras sem sair do Brasil.
Os Brazilian Depositary Receipts, conhecidos como BDRs, são certificados que representam ações de empresas de fora do país negociadas na bolsa de valores brasileira. Eles oferecem aos investidores locais a oportunidade de diversificar seus investimentos com ativos internacionais, sem a necessidade de abrir contas no exterior ou lidar com moedas estrangeiras.
Em essência, esses títulos são emitidos por instituições depositárias no Brasil, que mantêm as ações originais em custódia no país de origem da empresa. Isto é, quando um investidor compra um BDR, ele adquire o direito sobre uma fração dessas ações custodiadas, sem de fato possuí-las diretamente.
Para Fábio Murad, sócio-diretor da Ipê Investimentos, “os BDRs são uma excelente porta de entrada para o mercado global, já que eles simplificam o processo de investimento em empresas estrangeiras e eliminam as barreiras da linguagem ou conhecimento das legislações de outros países”.
Esses ativos são negociados em reais na B3, a bolsa de valores brasileira, o que facilita as transações para investidores locais, além de seguirem a regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que proporciona maior segurança aos investidores.
Entre os BDRs mais populares, destacam-se o da Apple (AAPL34), gigante da tecnologia conhecida por produtos como iPhone, iPad e MacBook; o da Disney (DISB34), conglomerado de mídia e entretenimento que abrange desde filmes e parques temáticos até canais de televisão; e o do Google (GOGL34), parte da Alphabet Inc., que além do famoso mecanismo de busca, atua em diversos setores como tecnologia, ciências da vida e pesquisa.
Pontos positivos e negativos
A principal vantagem dos BDRs é a possibilidade de diversificação internacional sem a necessidade de enviar recursos para o exterior. Isso simplifica o processo, o que reduz custos operacionais e evita a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que seria aplicado em investimentos diretos no exterior.
Outro benefício é a exposição ao dólar, já que o valor deles tende a acompanhar a variação cambial. Isso pode servir como uma proteção (hedge) contra a desvalorização do real. Outro ponto positivo é que, geralmente, alguns BDRs pagam dividendos, que são convertidos em reais e distribuídos aos investidores brasileiros.
Por outro lado, uma das desvantagens é a limitação de opções disponíveis. Nem todas as empresas estrangeiras possuem BDRs negociados no Brasil, o que restringe as escolhas dos investidores. Além disso, alguns podem apresentar baixa liquidez, o que dificulta a compra e venda desses ativos.
Murad alerta: “é preciso estar ciente de que, apesar das vantagens, eles podem ter custos de corretagem e spreads mais elevados em comparação com a negociação direta das ações no mercado de origem.”
Essas despesas são maiores por conta da complexidade adicional envolvida na negociação de ativos estrangeiros. Os spreads — a diferença entre o preço de compra e venda — tendem a ser mais amplos para BDRs, especialmente naqueles com menor liquidez, o que pode impactar a rentabilidade das operações.
Tipos de BDRs
Os BDRs são classificados em três categorias principais: Nível I, Nível II e Nível III. Cada nível possui características específicas e requisitos diferentes, o que impacta diretamente na forma como os investidores podem acessá-los.
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Os de Nível I são os mais comuns e menos regulados. Eles não exigem registro da empresa estrangeira na CVM e são destinados apenas a investidores qualificados. Apesar da menor regulação, oferecem acesso a uma ampla gama de empresas internacionais.
Já os Níveis II e III requerem registro na CVM e seguem regras mais rígidas de divulgação de informações. Eles são acessíveis a todos os investidores, inclusive os de varejo. A principal diferença entre estes dois níveis é que os BDRs Nível III permitem que a empresa estrangeira capte recursos no mercado brasileiro.
Entender essas categorias é importante para o investidor, pois elas determinam o nível de informação disponível, o grau de regulação e o perfil de investidor que pode acessar cada tipo de BDR. Isso permite que o investidor avalie melhor os riscos e oportunidades associados a cada categoria, alinhando suas escolhas com seu perfil de investimento e objetivos financeiros.
Como investir em BDRs?
Para investir em BDRs, o primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de valores brasileira que ofereça acesso a esses ativos. A maioria das corretoras no Brasil disponibiliza essa opção, e o processo de abertura de conta é similar ao de investir em ações nacionais.
Uma vez com a conta aberta, é necessário realizar uma pesquisa cuidadosa e selecionar os ativos que melhor se alinham aos seus objetivos de investimento. Ao escolher os BDRs, considere fatores como o desempenho histórico da empresa, sua situação financeira atual, perspectivas de crescimento e o volume de negociações do BDR na B3. É recomendável diversificar os investimentos entre diferentes setores e empresas para mitigar riscos.
Aspectos tributários dos BDRs
A tributação dos BDRs segue regras similares às das ações brasileiras. Os ganhos de capital obtidos com a venda deles são tributados à alíquota de 15% sobre o lucro. No entanto, existe isenção para vendas mensais de até R$ 20 mil.
Os dividendos recebidos são isentos de Imposto de Renda no Brasil. Contudo, pode haver retenção de impostos no país de origem da empresa, o que reduz o valor líquido recebido pelo investidor brasileiro.
Vale ressaltar que, ao contrário dos investimentos diretos em ações no exterior, os BDRs não estão sujeitos ao imposto sobre herança dos Estados Unidos, o que pode ser uma vantagem para investidores preocupados com planejamento sucessório.
Por fim, lembre-se de que o mercado financeiro é dinâmico, e as condições podem mudar. Antes de investir, sempre consulte um profissional financeiro qualificado para obter orientações personalizadas de acordo com seu perfil de investidor e objetivos financeiros.
Para investidores que buscam orientação especializada, contar com uma assessoria de investimentos como a Ipê Investimentos pode ser uma excelente opção. Com uma equipe experiente, a Ipê oferece suporte personalizado, ajudando você a alcançar seus objetivos financeiros através de estratégias de investimento sob medida. Além de recomendar ativos, a Ipê proporciona educação financeira, análises de mercado e acompanhamento contínuo do seu portfólio, tornando-se uma parceira confiável para seus investimentos.
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Ipê Investimentos
A Ipê Investimentos, fundada em 2008, é uma assessoria que atua com a Necton Investimentos, parte do Grupo BTG Pactual. Com profissionais experientes há mais de 30 anos no mercado, oferece suporte personalizado para organizar investimentos e atingir objetivos financeiros com eficiência e segurança.
