Caso de racismo

“Maldita princesa Isabel”: Homem é investigado por fala racista

Funcionário de bar em Belo Horizonte criticou abolição da escravidão no Brasil e disse que pessoas pretas têm que “tomar água do vaso”.

Alessandro Pereira de Oliveira, 36
Alessandro Pereira de Oliveira, 36 | Foto/Instagram - Reprodução

O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) está investigando um funcionário de um bar em Belo Horizonte que, na última sexta-feira (18) publicou um vídeo em redes sociais com teor racista. Alessandro Pereira de Oliveira, de 36 anos, está foragido desde o ocorrido.

O vídeo

No vídeo, o homem criticou a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel para extinguir a escravidão no Brasil, em 1888, e fez um discurso com ofensas racistas. Leia abaixo:

“É, rapaz. Trabalhar em bar não é fácil, não. Tem que aturar cada uma. Maldita Princesa Isabel, que assinou aquela Lei Áurea para acabar com a escravidão. Preto tem que entrar no chicote e no tronco mesmo, tem conversa não. Ai, ai… […]. Vê se preto tem razão pra reclamar de p* de copo. Tem que tomar água do vaso essa desgraça. Falar pra você, viu… Eu tinha que ter vivido na época dos barões, cortar essa raça toda no chicote, amarrar no tronco e chicote estalando no lombo. Amarrar na caixa de ferro e deixar o dia todo no sol esses demônios. Falar pra você, viu… Eu tenho que aturar macaco aqui me enchendo o saco” .

De acordo com o presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Gilberto Silva, “não restam dúvidas que (o homem) cometeu o crime (de racismo)“.

Repercussão nas redes

Com a repercussão do vídeo nas redes sociais, o Ministério Público acionou a polícia para apurar crime de racismo. Allender Barreto Lima da Silva, da Coordenadoria de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação, foi quem encaminhou o caso.

“Essa notícia desse crime grave, em tese praticado por esse homem, chegou ao nosso conhecimento através de movimentos sociais. Embora eu não estivesse de plantão, eu instaurei procedimento de notícia de fato na coordenadoria e já pedi providência à Decrin (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência) e à promotoria de Justiça de Direitos Humanos”, declarou Barreto.

A Polícia Civil de Minas Gerais informou que tomou conhecimento do vídeo e que os fatos estão sendo apurados.

Antecedentes criminais

Alessandro Pereira de Oliveira tem 66 registros policiais como autor e já passou quatro vezes pelo sistema prisional. Na última vez, ele recebeu benefício da saída temporária, mas não voltou e passou a ser considerado foragido.

Entre os registros policiais estão ocorrências de ameaça, violação de domicílio, agressão, várias de estelionato, difamação, entre outras. O homem é natural de Governador Valadares, local da maioria das ocorrências. 

Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), o homem não deu entrada no sistema prisional desde a repercussão do vídeo. No dia 26 de março, o homem teve benefício de saída temporária concedido pela Justiça e não retornou no prazo determinado, sendo registrado como fuga por abuso de confiança. Ele possui mandado de prisão em aberto.