A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann (PT-PR), reagiu publicamente a uma declaração do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), que afirmou que a legenda “não saiu do Z4” nas eleições municipais.
A comparação de Padilha, com o termo futebolístico que se refere à zona de rebaixamento, gerou polêmica interna e motivou uma resposta enérgica de Gleisi Hoffmann, que pediu mais respeito ao partido e criticou a fala do ministro.
“Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”, escreveu Gleisi em suas redes sociais.
Ela ainda completou: “Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam”.
A presidente do PT relembrou a trajetória e as dificuldades enfrentadas pelo partido desde 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, e defendeu que o partido já pagou um alto preço político por estar em uma coalizão ampla e por enfrentar uma ofensiva de forças da extrema-direita.
Divergências sobre o desempenho do partido nas eleições
Horas antes da crítica de Gleisi, Padilha havia defendido que o partido deveria fazer uma “avaliação profunda” do seu desempenho nas eleições municipais, que, segundo ele, não teria impacto direto nas eleições presidenciais de 2026.
“O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas, na minha avaliação, não saiu ainda do Z4 que entrou em 2016 nas eleições municipais”, afirmou o ministro.
A declaração repercutiu amplamente, especialmente entre membros da Executiva Nacional do PT, que se reuniu nesta segunda-feira (28) para discutir o resultado das eleições municipais.
Em 2024, o PT conquistou 252 prefeituras, número que representa um leve crescimento em relação aos 184 municípios onde venceu em 2020.
Contudo, o partido obteve vitórias limitadas em capitais, com apenas uma conquista: a de Evandro Leitão em Fortaleza.
A derrota de aliados em importantes disputas, como a de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, também intensificou os debates internos.
O apoio a Boulos e o papel do PT em São Paulo
A decisão de apoiar Boulos em São Paulo foi um dos pontos de maior discussão na reunião da Executiva Nacional do PT.
Membros como o vice-presidente nacional do partido, Washington Quaquá, criticaram o apoio e disseram que “Boulos era a crônica de uma morte anunciada! A candidatura errada na cidade errada!”.
Outros, inclusive a própria Gleisi, defenderam a aliança com Boulos, e argumentaram que ele era um candidato alinhado com os valores do PT e lembraram o apoio do PSOL ao partido durante o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva em 2018.
Gleisi defendeu que Boulos era competitivo em São Paulo e que representava os ideais desejados pelo PT na capital paulista.
“Eu me pergunto: quem no PT iria disputar ou que outra candidatura seria construída no campo do centro ou da centro-direita em São Paulo?”, questionou Gleisi, que justificou assim a ausência de um candidato próprio do partido na capital.