Política

Temer critica falta de planejamento no governo Lula, alerta sobre economia e defende semipresidencialismo

O ex-presidente também chamou a atenção para o crescente protagonismo do Congresso Nacional, que passou a ter mais influência sobre o orçamento da União por meio das chamadas emendas impositivas

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O ex-presidente Michel Temer (MDB) fez duras críticas à atual administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que o governo federal não possui um projeto claro para o país.

Durante o evento Lide Brazil Conference, em Londres, Temer apontou para o que considera um enfraquecimento das bases econômicas brasileiras, exemplificado pela alteração nas metas do arcabouço fiscal, o que, segundo ele, transmite uma mensagem negativa ao mercado financeiro e afeta a credibilidade fiscal do governo federal.

Temer, que presidiu o Brasil entre 2016 e 2018, viu seu governo ser reconhecido por implementar reformas como o teto de gastos e a reforma trabalhista, além de dar início às discussões sobre a reforma da Previdência.

O ex-presidente relembrou que, para recuperar a economia, seu governo apostou em uma série de reformas que trouxeram estabilidade.

No nosso período, fizemos o teto de gastos, a reforma trabalhista e encaminhamos a Previdência, além da Lei das Estatais, que ajudou a estabilizar empresas públicas como a Petrobras”, disse.

O ex-presidente também chamou a atenção para o crescente protagonismo do Congresso Nacional, que passou a ter mais influência sobre o orçamento da União por meio das chamadas emendas impositivas.

Ele sugeriu que essa movimentação poderia, eventualmente, abrir caminho para uma reforma política que mudasse o sistema de governo para um modelo semipresidencialista.

Hoje, o Congresso Nacional já tem uma parte grande do orçamento em suas mãos. Seria interessante que também assumisse a responsabilidade pelos atos de governo, caso se avance para esse modelo de governo compartilhado”, explicou.

Críticas ao atual cenário econômico

Sobre o cenário econômico atual, Temer afirmou ser essencial para o governo manter uma linha estável de atuação e evitar mudanças frequentes nas metas fiscais, como ocorreu recentemente.

Segundo o ex-presidente, a continuidade do teto de gastos, mesmo em um formato adaptado, seria fundamental para a credibilidade do governo.

Necessário ter muita estabilidade legislativa para que a segurança econômica e fiscal do país se mantenha. Alterar a meta fiscal preocupa”, disse.

Temer também demonstrou preocupação com a política econômica do governo. Segundo ele, medidas para aumentar a arrecadação sem controle dos gastos podem ser prejudiciais ao equilíbrio fiscal.

Ele ressaltou a importância de manter as despesas em controle, e afirmou que “não se pode aumentar os gastos públicos indefinidamente sem afetar a economia do país”.

MDB e o caminho ao centro

Durante a entrevista, Temer comemorou o bom desempenho do MDB nas últimas eleições municipais, e destacou o posicionamento de centro do partido e a moderação que tem caracterizado sua postura.

Para ele, o resultado reflete o desejo do eleitorado por uma política menos radical.

Segundo o ex-presidente, nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, despontam como representantes de uma política de centro e podem ser opções viáveis para a disputa presidencial de 2026.

Vejo uma moderação crescente no cenário político brasileiro, e acho que essa tendência deve permanecer. Os eleitores estão cansados de radicalizações. O desempenho do MDB nas últimas eleições foi uma prova disso”, afirmou.

As informações são de Folha de S. Paulo.