O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento, nesta terça-feira (5), por videoconferência à Controladoria-Geral da União (CGU).
A audiência faz parte de um processo sigiloso instaurado para apurar a conduta do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, durante as eleições presidenciais de 2022.
Bolsonaro foi ouvido por videoconferência e negou envolvimento ou solicitação de qualquer interferência para favorecer sua campanha ou prejudicar adversários.
Contexto da investigação contra Bolsonaro
A investigação contra Bolsonaro se concentra em operações suspeitas da PRF no dia da votação do segundo turno, quando diversas estradas na região Nordeste foram bloqueadas sem a autorização do comando da corporação.
A Polícia Federal (PF) aponta que tais ações podem ter influenciado o processo eleitoral, dificultando o acesso dos eleitores às urnas.
Os bloqueios foram finalmente suspensos após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ameaçar ordenar a prisão dos responsáveis.
Bolsonaro nega favorecimento e cita Moraes
No depoimento, Bolsonaro mencionou o ministro Alexandre de Moraes, que havia declarado, durante as eleições, que o processo estava transcorrendo “de maneira tranquila e harmoniosa.”
Essa declaração foi citada pelo ex-presidente como indicativo de que não houve interferências que comprometesse as eleições.
Decisão judicial e processo na CGU
A desembargadora Ana Cristina Ferro Blasi, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, manteve a exigência de que Bolsonaro prestasse depoimento oralmente à CGU, rejeitando a possibilidade de depoimento escrito, solicitada pela defesa.
O depoimento de Bolsonaro durou cerca de 30 minutos, segundo informações obtidas pelo UOL, e foi conduzido sob o estrito sigilo do processo.
Situação de Silvinei Vasques
Silvinei Vasques foi indiciado pela PF em agosto deste ano, juntamente com o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e quatro policiais federais que atuaram na eleição.
Os indiciados são investigados por suspeitas de restringir o exercício dos direitos políticos dos cidadãos, o que pode resultar em pena de reclusão de 3 a 6 anos.
O ex-chefe da PRF ficou preso por quase um ano, tendo sido liberado em agosto após uma decisão de Moraes.
Porém, ele deve cumprir uma série de medidas cautelares, que incluem o uso de tornozeleira eletrônica, a suspensão do porte de armas, o cancelamento do passaporte, apresentações semanais à Justiça e a proibição de contato com outros investigados.