Escândalo político

Após morte de Lula, plano previa 'gabinete de crise' liderado por Braga Netto e general Heleno, diz PF

Segundo apuração da Polícia Federal, havia uma estrutura hierárquica que incluía coronéis e militares de menor patente nesse gabinete

Generais Braga Neto e Augusto Heleno e o presidente Jair Bolsonaro - Arquivo/DW
Generais Braga Neto e Augusto Heleno e o presidente Jair Bolsonaro - Arquivo/DW

As investigações da Polícia Federal revelaram mais detalhes sobre a suposta trama golpista de militares de alta patente e um policial federal contra o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Documentos apreendidos indicam que o plano envolvia a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise” após a execução do ataque.

Segundo os registros obtidos pela PF, o gabinete seria liderado pelo general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e coordenado pelo general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa.

A minuta, elaborada por Mário Fernandes, general da reserva e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, detalha uma estrutura hierárquica que incluía coronéis e militares de menor patente.

O documento, datado de 16 de dezembro de 2022, descreve a missão, as diretrizes e a estrutura organizacional do suposto gabinete.

O arquivo foi criado e alterado no mesmo dia, com o próprio Mário Fernandes como último autor. A data de ativação do gabinete coincide com a fase final das tensões pós-eleitorais, levantando suspeitas sobre seu propósito e possíveis ações imediatas.

O plano

Nesta terça-feira, 19 de novembro de 2024, a PF prendeu quatro militares e um policial federal na operação que investiga o suposto plano dos chamados “kids pretos”, grupo formado por militares das Forças Especiais.

As investigações apontam que o plano previa o assassinato em ataques simultâneos contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A operação, que também investiga possíveis tentativas de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e impôs 15 medidas cautelares.

Entre as restrições estão a entrega de passaportes, a suspensão de funções públicas e a proibição de contato entre os investigados.

Um dos alvos da operação é um militar que atualmente trabalha como assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde.

A PF destacou que os “kids pretos” eram conhecidos por sua expertise em operações táticas e estratégicas, o que teria facilitado a elaboração do plano.