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FGV polemiza com questão sobre viral de TikTok em vestibular

Candidatos desconectados precisam contar com um conhecimento bem específico: o ano de publicação de um clássico da literatura brasileira

Concurso Nacional Unificado (CNU)
Concurso Nacional Unificado (CNU) | Foto/Agência Brasil

Candidatos ao vestibular da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para os cursos de administração, relações internacionais, direito e economia foram surpreendidos por uma questão inusitada na última quinta-feira (14).

Aplicada nas cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, a prova trouxe uma pergunta que traz familiaridade com um fenômeno viral nas redes sociais.

Para quem decidiu se afastar das redes sociais para se dedicar aos estudos, a questão pode ter sido um verdadeiro desafio. Isso porque o anunciado faz referência a um conteúdo que viralizou em maio deste ano no TikTok e no Instagram.

Candidatos desconectados precisam contar com um conhecimento bem específico: o ano de publicação de um clássico da literatura brasileira.

O contexto da questão da FGV

O enunciado mencionava uma norte-americana que, ao se desafiar a ler um livro de cada país do mundo, ganhou notoriedade ao comentar sobre a obra escolhida para representar o Brasil.

Apesar de não ser nomeada na prova, a figura central era Courtney Henning Novak, uma escritora e podcaster americana de 45 anos.

No vídeo que viralizou no TikTok, Novak se declarou encantada pela obra brasileira:
Preciso ter uma conversa com o pessoal do Brasil. Por que não me avisaram antes o melhor livro já escrito? O que vou fazer do resto da minha vida depois que terminar?

A resposta da polêmica

A resposta correta era a alternativa C: Memórias Póstumas de Brás Cubas , clássico de Machado de Assis, publicado em 1881.

Aqueles que acompanharam o vídeo viral, ou ao menos a repercussão nas mídias tradicionais, como o Jornal Nacional e o g1, possivelmente resolveram a questão rapidamente.

O livro chegou ao topo da lista de mais vendidos de um grande site de compras após a viralização, o que reforçou a notoriedade do episódio.

Contudo, muitos candidatos que se dedicaram exclusivamente aos estudos durante o ano alegaram não ter tido essa vantagem.

Quem não estava atualizado com as características nas redes sociais poderia recorrer ao conhecimento de cronologia literária.

Entre os autores referências não anunciados — Guimarães Rosa (1908-1967), Fernando Sabino (1923-2004), Machado de Assis (1839-1908), Euclides da Cunha (1866-1909) e Graciliano Ramos (1892-1953) — apenas Machado e Euclides puderam ter publicado uma obra em 1881.

Com uma análise mais criteriosa, seria possível eliminar Euclides da Cunha, que tinha apenas 15 anos na época, e concluir que o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas era a única opção plausível.