Coluna do TradingView

Tesla cotada para ser volátil em 2025

Para 2025, as expectativas em torno da Tesla estão carregadas de otimismo, mas também de ceticismo

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A Tesla (TSLA) teve ex-post novembro de 2024 com uma impressionante valorização de 54% em suas ações em um rally de 21 dias, sustentada por uma combinação de fatores internos e externos que reacenderam o entusiasmo de investidores.

O que temos para Tesla esse fim de ano?

A divulgação de resultados financeiros acima das expectativas, incluindo crescimento em mercados estratégicos como a Índia, reforçou a percepção de que a empresa está conseguindo equilibrar sua eficiência operacional em um cenário de margens cada vez mais pressionadas.

Além disso, a Tesla ampliou sua infraestrutura de carregamento em parcerias com outras montadoras e avançou na produção em larga escala do Cybertruck, um modelo esperado há anos que agora se apresenta como potencial motor de receita.

Tivemos também o protagonismo de Elon Musk na corrida eleitoral de Trump, declarando seu apoio ao vindouro presidente.

As medidas de protecionismo prometidas por Trump devem favorecer as ações domesticas e particularmente a Tesla por cortar a concorrência chinesa.

O que temos para Tesla em 2025?

Para 2025, as expectativas em torno da Tesla estão carregadas de otimismo, mas também de ceticismo.

Elon Musk prevê um crescimento de 20% a 30% nas vendas anuais, ancorado no lançamento de um modelo acessível, com preço inferior a US$ 30 mil, e no sucesso contínuo do Model Y renovado.

Analistas, entretanto, projetam números mais modestos, entre 12% e 13%, citando uma desaceleração na demanda por veículos elétricos em mercados saturados e o aumento da concorrência, especialmente de empresas como a chinesa BYD.

Esse contexto exige que a Tesla mantenha uma taxa de inovação constante para se diferenciar no setor, apostando não apenas em preços competitivos, mas também em tecnologias avançadas, como a condução autônoma, que continua sendo um atrativo significativo para consumidores.

No entanto, o cenário político e econômico global apresenta desafios significativos.

A reeleição de Donald Trump representa uma virada nos incentivos fiscais que beneficiam os veículos elétricos, dado o histórico de sua administração anterior em priorizar fontes de energia tradicionais.

Isso criaria barreiras adicionais para a Tesla em seu mercado doméstico, onde já enfrenta dificuldades como taxas de juros elevadas que limitam o acesso ao crédito automotivo.

Em contradição, tensões comerciais entre os EUA e a China poderiam prejudicar a Tesla, que tem uma dependência significativa de componentes e vendas no mercado chinês, e também tem participação relevante, os chineses gostam de Tesla.

Ainda falando de contradição, vem se falando da política “drill baby, drill“, onde Trump pretende incentivar petroleiras de xisto a prospectarem ainda mais petróleo, forçando assim a cotação do petróleo para baixo.

O que por um lado é um alívio inflacionário e resolve parcialmente o problema de juros altos, gasolina barata é um péssimo incentivo para transição energética.

O que eu penso para 2025

Penso que Tesla é um ativo que será bem volátil, parecido com o que temos para NVDA hoje, sobretudo, a figura de Elon Musk pode ser um complicador. Com sua personalidade polarizadora e envolvimento em discussões políticas, também adiciona uma camada de complexidade.

Apesar de seu apelo como visionário tecnológico, suas declarações públicas e apoio explícito a Trump têm alienado uma parcela dos consumidores mais progressistas, além de, poder ser retaliado, ou, se beneficiar de acordo com as narrativas imprevisíveis de Trump.

Estudos recentes indicam que cerca de um terço dos potenciais clientes estão menos inclinados a considerar a compra de veículos Tesla devido à postura pública do CEO, o que pode limitar a expansão da base de consumidores em um momento em que a empresa precisa captar novos públicos.

Observar com atenção como a China vai reagir a política protecionista de Trump, e se haverão taxas em Tesla ou genericamente EVs.

E particularmente observar como está a produção de petróleo pela OPEP e estoques, identificando assim se comporta o preço da gasolina, lembrando que a TSLA não produz veículo hibrido.

É importante ficar de olho na política “desinflacionista” do Trump, se ela existir, claro. Esse pode ser o key indicator para operar ações e índices americanos em 2025.

Vale lembrar como mencionei em outro estudo, Tesla pesa cerca de 8% no composto de consumo do S&P500, também relevante na Nasdaq e no Dow Jones, para aqueles que gostam da volatilidade dos futuros e das opções.