Em outubro de 2024, os preços da indústria nacional registraram uma nova alta de 0,94% em relação ao mês anterior, em continuidade ao crescimento contínuo dos preços desde fevereiro.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) acumula uma alta de 5,890% nos últimos doze meses, enquanto, no acumulado de 2024, o aumento já chega a 6,46%.
Em comparação com o mesmo mês de 2023, a variação mensal do IPP foi superior, já que, em outubro do ano passado, a alta foi de 1,070%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados nesta quinta-feira, 28 de novembro.
Commodities agropecuárias impactam o índice e sustentam o crescimento dos preços
O avanço do IPP em outubro de 2024 representa a nona alta consecutiva do indicador, um sinal claro de aceleração dos preços industriais, que em setembro haviam subido 0,62%.
A análise do cenário atual demonstra um cenário economicamente mais aquecido do que em 2023, quando o IPP acumulava uma queda de 4,470% nos dez primeiros meses do ano.
De acordo com Murilo Alvim, analista do IPP, a alta do dólar foi um fator importante para o desempenho do índice em outubro.
“O aumento de preço da moeda americana, que em outubro foi de 1,5% e no ano já chega a 14,8%, impacta direta e indiretamente os preços na indústria”, explicou.
Esse fator ajudou a impulsionar a alta em diversos setores da economia.
Quais setores se destacaram?
Entre os setores industriais que mais influenciaram o resultado de outubro, os destaques foram os seguintes:
- Alimentos (0,46 pontos percentuais);
- Indústrias Extrativas (0,34 pontos percentuais);
- Metalurgia (0,14 pontos percentuais); e
- Veículos Automotores (0,06 pontos percentuais).
Esses segmentos foram fundamentais para o crescimento generalizado dos preços no setor industrial.
O setor de indústrias extrativas, por exemplo, registrou uma variação de 7,84% nos preços, a maior entre todos os setores em outubro.
Esse aumento foi o mais expressivo desde janeiro de 2023, quando o setor havia avançado 9,62%.
O bom desempenho desse setor fora principalmente explicado pelas altas no preço do óleo bruto de petróleo e minério de ferro, produtos com grande peso na atividade das indústrias extrativas.
Influência dos alimentos nas variações de preços industriais
O setor de alimentos também se destacou com uma variação positiva de 1,810% em outubro, uma alta que já dura sete meses consecutivos.
Embora esse aumento tenha sido inferior ao registrado em setembro (3,60%), o impacto acumulado no ano já chega a 9,390%.
Comparado com o ano passado, a variação foi bem mais expressiva, já que, em outubro de 2023, o setor de alimentos havia registrado uma queda de 3,890%.
Murilo Alvim, analista do IPP, explicou que o aumento nos preços das carnes, especialmente as bovinas, foi o principal responsável pela alta no setor de alimentos.
“Há uma menor oferta de animais para abate devido ao clima seco em algumas regiões com criação de gado e ao aumento das exportações, que reduzem a oferta no mercado interno. Com o aumento do valor das carnes bovinas, o consumidor busca outras carnes, e faz com que os preços das outras carnes também subam”, afirmou.
Além disso, os derivados da soja, como o óleo bruto e o refinado, também contribuíram para o aumento nos preços dos alimentos.
A retração da oferta interna e a demanda aquecida no mercado externo aumentaram o valor desses produtos.
Entenda o IPP
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) funciona como um indicador econômico crucial para o acompanhamento da evolução dos preços industriais.
Ele mede a mudança média nos preços de venda recebidos pelos produtores de bens e serviços no mercado interno, sem considerar impostos, tarifas e fretes.
A variação do IPP serve como um termômetro para as tendências inflacionárias de curto prazo no Brasil, fundamental para a análise do comportamento dos preços ao longo do tempo.
A pesquisa foi realizada em mais de 2.100 empresas de diferentes setores industriais, com a coleta mensal de aproximadamente 6.000 preços.