Educação financeira

Juros compostos e juros simples: como calcular?

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Os juros são um dos conceitos financeiros mais importantes para entender o funcionamento de empréstimos, financiamentos, investimentos e até mesmo a gestão de dívidas. 

Entre os tipos de juros mais comuns, os juros simples e os juros compostos se destacam, fundamentais tanto para quem obtém o crédito quanto para quem investe. 

Embora o conceito de juros seja simples, a forma como são calculados pode variar de maneira significativa, o que tem grande impacto sobre o valor final pago ou recebido. 

Este artigo tem como objetivo explicar as diferenças entre juros compostos e juros simples, como calcular cada um deles e os efeitos dessas diferenças no dia a dia financeiro.

O que são juros simples?

Os juros simples são a forma mais direta de calcular os juros sobre um valor principal (o valor inicial de um empréstimo ou investimento). 

Neste modelo, o valor dos juros sempre vai ser calculado sobre o valor principal inicial, e, a cada período, vai ser adicionado um valor fixo – o mesmo ao longo de todo o processo de pagamento ou de aplicação.

Em outras palavras, os juros simples são constantes e não se acumulam, ou seja, o valor de juros calculado para cada período não leva em consideração os juros já acumulados nos períodos anteriores. 

Isso significa que a base de cálculo dos juros permanece constante durante todo o processo.

Como calcular juros simples?

Segue a fórmula para calcular juros simples: J=P×i×t

Compreenda como chegamos a fórmula:

  • J = o valor dos juros gerados.
  • P = o valor principal (o valor inicial emprestado ou investido).
  • i = a taxa de juros por período (em decimal, por exemplo, 10% seria 0,10).
  • t = o tempo, que pode ser em dias, meses, anos, dependendo do acordo.

O valor total a ser pago ou recebido, inclusive os juros, se obtém pela soma do valor principal e dos juros calculados:

M=P+J

Onde:

  • M = o montante (valor total) a ser pago ou recebido no final do período.

Exemplo de juros simples

Suponha que você tenha investido R$ 1.000,00 em uma aplicação com uma taxa de juros simples de 5% ao mês por 3 meses. 

Para calcular os juros, usamos a fórmula:

J=1.000×0,05×3=150

Portanto, os juros gerados serão de R$ 150,00. 

O valor total a ser recebido ao final dos 3 meses vai ser:

M=1.000+150=1.150

Logo, você vai receber R$ 1.150,00 após 3 meses. R$ 150,00 são os juros simples.

O que são juros compostos?

Os juros compostos, por outro lado, são mais complexos. Nesse tipo de cálculo, os juros incidem sobre o valor inicial, mas também sobre os juros acumulados ao longo do tempo. 

Assim sendo, a cada período, os juros calculados são adicionados ao saldo devedor (ou saldo credor), e, no próximo período, o cálculo vai ser feito sobre o novo valor, que inclui os juros do período anterior. 

Esse processo se chama capitalização dos juros.

Devido a esse efeito de “juros sobre juros”, os juros compostos são muitas vezes referidos como “juros exponenciais”, já que o montante cresce a uma taxa acelerada. 

Esse modelo, portanto, se utiliza em uma grande parte das operações financeiras, como nos financiamentos bancários, nas aplicações de investimentos de longo prazo e no cálculo de dívidas.

Como calcular juros compostos?

Eis a fórmula para calcular os juros compostos:

M=P×(1+i)t

Onde:

  • M = o montante final, ou seja, o valor total após a aplicação dos juros compostos.
  • P = o valor principal (o valor inicial investido ou emprestado).
  • i = a taxa de juros por período (em decimal).
  • t = o tempo (número de períodos).

Para calcular o valor dos juros, basta subtrair o valor principal do montante final:

J=M−P

Exemplo de juros compostos

Suponha que você tenha investido os mesmos R$ 1.000,00, mas com uma taxa de juros compostos de 5% ao mês por 3 meses. 

Vamos calcular o montante final:

M=1.000×(1+0,05)3=1.000×(1,157625)=1.157,63

Portanto, ao final de 3 meses, o montante vai ser de R$ 1.157,63. 

Para calcular os juros:

J=1.157,63−1.000=157,63

Nesse caso, os juros compostos geraram R$ 157,63, um valor um pouco maior do que os R$ 150,00 gerados pelos juros simples no exemplo anterior. 

Assim, a diferença ocorre porque os juros compostos “crescem” a cada período, mais vantajosos para quem investe ou mais prejudiciais para quem toma empréstimos.

Diferenças entre juros simples e juros compostos

  1. Cálculo dos juros: a principal diferença entre os dois tipos de juros está no cálculo. no juros simples, o valor dos juros vai ser fixo e calculado sempre sobre o valor principal. Já nos juros compostos, o valor dos juros aumenta ao longo do tempo, pois eles são calculados sobre o saldo total (principal + juros acumulados).
  1. Impacto no montante final: assim, como os juros compostos têm o efeito de “juros sobre juros”, o montante final vai ser sempre maior do que com os juros simples, se o período de tempo e a taxa de juros forem iguais. Com o tempo, a diferença entre os dois tipos de juros tende a aumentar exponencialmente, o que faz com que os juros compostos sejam significativamente mais impactantes a longo prazo.
  1. Utilização no mercado financeiro: os juros simples são mais utilizados em situações de curto prazo, como no cálculo de multas ou em financiamentos de curto prazo. Já os juros compostos são mais comuns em operações de longo prazo, como financiamentos bancários e investimentos, devido à sua natureza exponencial.
  1. Risco para o consumidor: os juros compostos podem ser mais prejudiciais para quem está a fim de tomar crédito, já que o montante devido cresce mais rapidamente. Por exemplo, em financiamentos de longo prazo, a aplicação de juros compostos pode resultar em um valor final muito maior do que o valor originalmente emprestado.

Quando usar juros simples ou compostos?

Em suma, a escolha entre juros simples ou compostos depende do tipo de operação financeira envolvida. 

Por exemplo, usam-se os juros simples com mais frequência em situações de curto prazo, quando não há necessidade de acumular os juros, como em financiamentos pessoais ou no cálculo de multas.

Empregam-se os juros compostos de forma mais adequada em operações de longo prazo, como em investimentos, financiamentos de imóveis e crédito rotativo, onde a capitalização dos juros pode gerar grandes diferenças no valor final.