Justin Trudeau anunciou, nesta segunda-feira (6), a sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro do Canadá, que ocupa desde 2015. O comunicado foi feito durante uma entrevista coletiva convocada após especulações de que ele deixaria o cargo de líder do Partido Liberal, o que também encerraria seu mandato como primeiro-ministro. Com esta decisão, Trudeau renuncia a ambas posições.
“Estou renunciando ao cargo de líder do partido e de primeiro-ministro”, disse Trudeau a repórteres em Ottawa, após semanas de pressão.
Vale ressaltar que a renúncia ocorre antes da reunião nacional da sigla, prevista para acontecer na próxima quarta-feira (8).
Quem é Justin Trudeau?
Justin Trudeau é um político canadense que servia como primeiro-ministro do Canadá desde novembro de 2015. Ele é, até então, líder do Partido Liberal do Canadá e filho de Pierre Trudeau, que também foi primeiro-ministro do país. Justin nasceu em 25 de dezembro de 1971, em Ottawa, Ontario (Canadá). Antes de entrar para a política, trabalhou como professor e defensor de causas sociais.
Como primeiro-ministro, ele implementou políticas relacionadas à mudança climática, igualdade de gênero, imigração e legalização da maconha recreativa. Ele é conhecido por seu estilo de liderança progressista e sua ênfase na diversidade e inclusão.
Momento de instabilidade
A decisão de Justin Trudeau de renunciar marca o fim de semanas de especulação sobre seu futuro político, já que sua popularidade entre seus pares e o público despencou.
O momento de instabilidade política ocorre enquanto o país enfrenta uma série de desafios, entre eles a ameaça econômica representada pela agenda do novo presidente dos EUA, Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro.
Trump prometeu impor tarifa de 25% sobre produtos canadenses se o país não proteger sua fronteira compartilhada contra o fluxo de migrantes irregulares e drogas ilegais – uma alíquota que os economistas alertam que pode ser devastadora para a economia canadense. Trudeau visitou Trump em Mar-a-Lago no final de novembro, na esperança de que ele reconsidere sua ameaça de tarifas.
Algo que também não ajudou o ex-primeiro-ministro, foi a histórica derrota dos liberais na eleição suplementar em Toronto para seus rivais conservadores. Trudeau estava sob pressão de membros de seu próprio partido para renunciar desde o meio do ano passado devido a este acontecimento.
Para sacramentar o momento crítico do parlamentar, seu desempenho nas pesquisas com eleitores também vinha se deteriorando. Em dezembro, apenas 22% dos canadenses disseram aprovar seu governo, o menor número desde que ele assumiu o poder em 2015.
Enquanto isso, Pierre Poilievre, o líder do Partido Conservador do Canadá, tem aparecido quase 24 pontos à frente de Trudeau, sinalizando a possibilidade de uma grande derrota para os liberais na próxima eleição.
O que acontece agora
Com a renúncia de Trudeau, o Partido Liberal deverá escolher um novo líder para assumir o cargo de primeiro-ministro interino enquanto organiza uma convenção.
Os liberais poderiam tentar realizar uma convenção mais curta do que o habitual, mas isso poderia gerar protestos de candidatos que se sentissem em desvantagem.
“Estamos em um momento crítico no mundo“, disse ele em pronunciamento a jornalistas. Ainda não há data para novas eleições gerais – o pleito deve ser realizado até outubro. O Parlamento canadense ficará suspenso até 24 de março. “Se eu tiver que travar batalhas internas, não posso ser a melhor opção para [a próxima] eleição”, afirmou Trudeau.
A suspensão do Parlamento dá tempo para os liberais respirarem. Até então, o Parlamento canadense retomaria as atividades em 27 de janeiro. Os partidos de oposição planejavam derrubar o governo liberal assim que pudessem, provavelmente no final de março. Com a volta programada para 24 de março, uma nova moção de desconfiança, o instrumento para contestar o governo atual, seria levada adiante provavelmente em maio.