Após declaração de lei marcial

Coreia do Sul: veja o passo-a-passo da crise que levou à prisão do presidente afastado

Essa foi a primeira vez na história do país que um presidente em exercício foi preso, o que marca um momento crítico na política de uma das democracias mais vibrantes da Ásia

Lei Marcial na COreia do Sul
Reprodução

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, recentemente afastado por impeachment, foi preso e interrogado nesta quarta-feira (15) por investigadores em uma acusação de insurreição criminosa.

Essa foi a primeira vez na história do país que um presidente em exercício foi preso, o que marca um momento crítico na política de uma das democracias mais vibrantes da Ásia.

A prisão ocorreu após semanas de tensão e impasse com as autoridades.

Impeachment e declaração de lei marcial desencadeiam crise política na Coreia do Sul

A crise foi iniciada com a declaração de lei marcial por Yoon em 3 de dezembro, decisão que chocou os sul-coreanos e causou turbulências na quarta maior economia da Ásia.

Pouco depois, os legisladores aprovaram seu impeachment e destituíram-no do cargo.

Desde então, Yoon estava confinado em sua residência, protegido por um contingente de segurança presidencial que havia impedido uma tentativa de prisão anterior.

Yoon se entrega às autoridades e discursa sobre evitar derramamento de sangue

Nesta quarta-feira (15), Yoon se entregou ao Escritório de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários (CIO), após mais de 3.000 policiais marcharem em direção à sua residência no início da manhã.

Em comunicado, Yoon declarou: Decidi responder à investigação do CIO — apesar de ser uma investigação ilegal — para evitar derramamento de sangue desagradável.

Ele foi levado por um promotor até os escritórios do CIO em Seul, e evitou a mídia ao entrar no local.

Protesto extremo durante o interrogatório do presidente da Coreia do Sul

Enquanto Yoon era interrogado, um homem não identificado, na faixa dos 60 anos, ateou fogo em si mesmo nas proximidades dos escritórios do CIO.

Gravemente queimado, o homem foi socorrido, mas permanecia inconsciente, de acordo com informações dos bombeiros.

Investigações prosseguem em meio a resistência de Yoon

As autoridades têm 48 horas para concluir o interrogatório e decidir se solicitarão um mandado de prisão de até 20 dias ou libertarão o presidente afastado.

Apesar disso, Yoon se recusa a falar e a permitir que as entrevistas sejam gravadas em vídeo.

De acordo com um funcionário do CIO, não existem informações sobre os motivos de sua recusa em colaborar.

Acusações de ilegalidade no processo

Os advogados de Yoon afirmam que o mandado de prisão foi emitido por um tribunal fora de sua jurisdição e que a equipe de investigação não possuía mandato legal.

Documentos obtidos pela Reuters referem-se a Yoon como líder da insurreição.

Reação internacional: Japão e EUA observam a Coreia do Sul com atenção

A turbulência política na Coreia do Sul atraiu o olhar atento de países vizinhos e aliados estratégicos.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA destacou que o país aprecia os esforços da Coreia do Sul para agir de acordo com a Constituição.

Já o governo japonês acompanha os eventos com interesse particular e sério.

Apesar da rejeição majoritária à declaração de lei marcial e ao impeachment, o Partido do Poder Popular (PPP), ao qual Yoon pertence, tem registrado crescimento nas pesquisas de opinião.

O apoio ao PPP subiu para 40,8%, e reduziu a diferença em relação ao Partido Democrata, que lidera com 42,2%.

As informações são da agência Reuters.