Na quarta-feira, 15 de janeiro, após o fechamento dos mercados, a Azul (AZUL4) divulgou a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) não vinculante com o Grupo Abra, acionista controlador da Gol (GOLL4). A proposta prevê a fusão entre as duas companhias aéreas, Azul e Gol, como rumores recentes sobre uma possível integração no setor indicavam.
Detalhes da fusão e operação das marcas por Azul e Gol
De acordo com o Memorando de Entendimento (MoU), a futura empresa resultante da fusão, chamada provisoriamente de NewCo, deve operar pelas marcas Azul e Gol separadamente, com certificados operacionais distintos.
O fechamento do negócio fora condicionado a diversos fatores, como aprovações regulatórias do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), além da conclusão do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos (Chapter 11).
Como ficarão a estrutura e a participação acionária das companhias aéreas?
Após o término do processo de recuperação judicial da Gol, uma das companhias vai ser incorporada pela outra, a receber ações da empresa controladora resultante.
Embora ainda não definido, espera-se que Azul (AZUL4) e o Grupo Abra combinem participações que representem a maioria das ações, com a garantia do controle na eleição da maioria dos membros do conselho de administração da NewCo.
Liderança e governança
Nos primeiros três anos, a presidência do conselho de administração vai ser ocupada por um representante do Grupo Abra, enquanto o CEO vai ser indicado pela Azul. O conselho de administração deve ser composto por nove membros: três indicados pelo Grupo Abra, três pela Azul e três independentes, escolhidos conjuntamente.
Fusão entre Azul e Gol implica em prevenção à compra hostil
Uma cláusula de proteção (“poison pill“) estipula que qualquer parte que adquirir 15,00% ou mais das ações com direito a voto da NewCo deve fazer uma oferta pública para adquirir 100% das ações a um preço previamente acordado.
Quais são os potenciais benefícios e riscos da fusão entre Azul e Gol?
Embora o Memorando de Entendimento (MoU) seja preliminar, a Azul destaca as possíveis sinergias:
- Gestão de receita aprimorada: maior eficiência nas estratégias de precificação.
- Ajuste de frota: flexibilidade para adaptar o tipo de aeronave à demanda em diferentes rotas.
- Rede complementar: integração de rotas que oferecem mais opções aos passageiros.
- Fidelidade: fortalecimento dos programas de fidelidade das duas companhias.
Por outro lado, a fusão pode enfrentar desafios regulatórios devido à expressiva participação de mercado combinada (superior a 60%) no Brasil, na opinião do Goldman Sachs. No entanto, a Azul argumenta que existe pouca sobreposição entre as rotas das duas companhias, o que pode mitigar eventuais restrições do CADE.
Como o Goldman Sachs avalia as ações de Azul e Gol separadamente?
Atualmente, a Azul tem sido avaliada com preço-alvo de R$ 5,40 para as ações AZUL4.SA e de US$ 2,70 para os ADRs (American Depositary Receipts), com base em um múltiplo EV/EBITDA de 4,3x projetado para os próximos doze meses, de acordo com o norte-americano Goldman Sachs.
Para o banco, os principais riscos para essa avaliação incluem volatilidade nos preços do petróleo, flutuações cambiais, variações na demanda por viagens aéreas e concorrência no setor. Analistas mantêm recomendação neutra para a aérea.
A fusão entre Azul e Gol, se concretizada, pode redefinir o cenário da aviação comercial brasileira e criar uma gigante com maior poder de mercado, eficiência operacional e capacidade de competir globalmente, declararam os analistas.