Um levantamento exclusivo realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), a pedido do g1, revelou que mais de 6 milhões de brasileiros enfrentaram pelo menos 150 dias de calor extremo em 2024.
O ano foi registrado como o mais quente da história da Terra.
Temperaturas extremas atingem todo o Brasil
O estudo apontou que 111 cidades tiveram temperaturas acima do padrão histórico por mais de cinco meses, com registros superiores a 40°C.
No entanto, todas as cidades brasileiras enfrentaram ao menos um dia de temperatura extrema.
Metodologia do levantamento
A análise, baseada em dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), seguiu os critérios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Para cada dia de 2024, foi calculado um valor limite de temperatura, com base na série histórica de 2000 a 2024. Quando a temperatura superava esse limite, era considerado um dia de calor extremo.
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O ano de 2024 foi confirmado como o mais quente já registrado, com uma média global de 15,10°C
Por exemplo, em novembro, a temperatura em Belém (PA) é considerada extrema quando ultrapassa 33,9°C. Nesse mês, a cidade registrou até 37,1°C.
O levantamento considerou 5.571 municípios brasileiros. Pouco mais de 100 cidades ficaram de fora, incluindo as capitais João Pessoa e Recife, devido à resolução limitada dos dados de satélite na faixa litorânea.
Impactos do calor extremo no Brasil em 2024
- Seca histórica: O país viveu a pior estiagem já registrada, afetando especialmente o Norte, onde rios secaram e populações ficaram isoladas.
- Incêndios florestais: Mais de 30 milhões de hectares queimaram, área equivalente ao tamanho da Itália.
- Epidemia de dengue: Foram registrados mais de 6 milhões de casos da doença, impulsionados pelo calor.
- Nova região de clima árido: Pela primeira vez, pesquisadores identificaram uma área de 6 mil km² no centro-norte da Bahia com condições semelhantes a desertos.
Regiões mais afetadas
- Norte: A mais impactada pela seca extrema, com rios da Amazônia secando completamente. O estado mais atingido foi o Pará, onde 46 cidades registraram mais de 150 dias de calor extremo.
- Nordeste: O Ceará foi um dos estados mais afetados, com aumento de 1,8°C na temperatura nos últimos 60 anos.
- Sudeste: Treze cidades alcançaram o índice de calor extremo. São Paulo registrou recordes de temperatura e incêndios florestais.
- Centro-Oeste: Nove cidades, principalmente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enfrentaram calor intenso. O Pantanal foi devastado por incêndios históricos.
- Sul: Enfrentou enchentes históricas e chuvas intensas, mas também teve mais de 160 cidades com mais de 100 dias de calor extremo.
Causas do aquecimento
Segundo Ana Paula Cunha, pesquisadora do Cemaden, o calor extremo é resultado de fatores climáticos e regionais:
- El Niño: Aumentou as temperaturas e alterou padrões de chuva.
- Bloqueios Atmosféricos: Reduziram a formação de nuvens e chuvas no Centro-Sul.
- Ações Humanas: Desmatamento e urbanização intensificaram o calor nas cidades.
