As medidas implementadas pelo Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad (PT-SP), têm sido as principais responsáveis pela deterioração da imagem do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foi o que apontou os demais ministros em reunião com o presidente da República, no último domingo (16).
O diagnóstico foi apurado pelas jornalistas Andréia Sádi e Julia Duailibi, no blog da Andréia Sadi no G1.
A ocasião, que aconteceu na Granja do Torto, o ministro Haddad esteve de fora, pois está em viagem oficial ao Oriente Médio.
Inicialmente, essa reunião foi acionada para discutir os fatores que contribuíram para a queda na imagem do governo exibida na última pesquisa do Datafolha.
Entre as medidas de Haddad que foram citadas no encontro estão; a crise das blusinhas, em 2023, e a reforma do Pix, em 2024. Essas ações foram levantadas especialmente devido à repercussão negativa nas redes sociais e na opinião pública.
Racha entre ministros de Lula
O encontro também evidenciou o crescente racha dentro do Palácio do Planalto, onde uma ala liderada por Rui Costa, da Casa Civil, tem se mostrado cada vez mais distante de Haddad.
A disputa interna foi exacerbada pela recente derrota de Haddad em decisões chave, como a revogação da fiscalização do Pix e o anúncio do plano de corte de gastos e isenção do Imposto de Renda.
Em ambas as ocasiões, o ministro da Fazenda foi derrotado e forçado a anunciar medidas com as quais não concordava, alimentando a sensação de enfraquecimento de sua posição.
Além disso, a inflação dos alimentos, outro fator de desgaste, também foi discutida. Embora o diagnóstico reconheça que a pressão sobre os preços tenha relação com o fortalecimento do dólar, a Fazenda não foi vista como culpada por essa questão.
Comunicação difícil
Um dos pontos mais críticos abordados na reunião foi o problema de comunicação do governo.
Pesquisas internas apontaram uma falta de clareza nas ações e nas mudanças realizadas, com a população demonstrando desconhecimento sobre as novas políticas e o que o governo tem feito para melhorar suas vidas.
As fontes internas destacam que o governo carece de uma “marca” forte e uma mensagem clara, o que é visto como um “deserto de informação”.
Para tentar reverter esse quadro, o governo planeja uma intensificação do novo padrão de comunicação, com foco na entrega de serviços ao cidadão e na melhoria da percepção pública.
Outros pontos
Dentro dessa crise de imagem e disputas internas, a questão da sucessão de 2026 também paira sobre os bastidores.
Rui Costa, que já demonstrou interesse em suceder Lula, se apresenta como uma figura chave no governo, centralizando decisões e, em muitos casos, defendendo uma linha mais pragmática, como no caso da revogação da fiscalização do Pix.
Por outro lado, Haddad, com seus aliados, vê-se isolado nas discussões sobre o ajuste fiscal e enfrentando resistências dentro do próprio governo.
A possibilidade de Haddad assumir a Casa Civil, cargo que alguns de seus aliados defendem, é considerada remota, pois Rui Costa continua sendo uma figura poderosa no governo.
As informações são do Blog da Andréia Sadi no G1.