Clima

Calor extremo durante e após o carnaval: veja até quando vai durar a sensação de 'forno' no Brasil

Especialistas alertam que as ondas de calor, alimentadas por um persistente sistema de alta pressão, que podem se estender até o outono

Calor

O calor extremo que tem marcado este verão no Brasil não dará trégua tão cedo e deve se entender até depois do carnaval. Isso porque, especialistas alertam que as ondas de calor, alimentadas por um persistente sistema de alta pressão, podem se estender até o outono, que começa em 20 de março.

No Sudeste, Centro-Oeste e partes do Sul, a tendência é de temperaturas acima da média e chuvas irregulares, intensificando os riscos de secas e incêndios florestais.

Mesmo que temporais isolados tragam alívio momentâneo, a previsão indica que o clima seguirá tórrido.

Calor no carnaval 2025

O carnaval de 2025 será marcado por temperaturas elevadas em praticamente todas as capitais brasileiras.

Segundo a Climatempo, apesar de não haver uma nova onda de calor oficialmente prevista, os termômetros continuarão acima dos 30°C na maior parte dos dias de festa.

Confira as temperaturas máximas previstas entre 28 de fevereiro a 4 de março

🌡 Rio de Janeiro: 35°C nos cinco dias
🌡 Cuiabá: 35°C | Goiânia: 33°C
🌡 Belo Horizonte: 34°C | 31°C
🌡 Campo Grande: 33°C nos dois dias
🌡 Porto Alegre: 33°C | Vitória: 31°C | Salvador: 31°C
🌡 São Paulo: 31°C | 30°C

Alta pressão

Os cientistas explicam que um sistema de alta pressão atmosférica, conhecido como anticiclone, está bloqueando a entrada de frentes frias e impedindo a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) — um corredor de umidade essencial para as chuvas de verão no Sudeste.

Sem a ZCAS, o calor se intensifica, tornando os dias ainda mais sufocantes.

Este sistema sempre existiu, mas sua posição mudou. Antes, ele ficava no Oceano Atlântico, permitindo a entrada de umidade no Brasil.

Agora, deslocado sobre o continente, impede a formação de nuvens e faz o ar se tornar cada vez mais seco e quente.

Por que o clima está tão quente?

Os cientistas também associam esse fenômeno ao agravamento das mudanças climáticas. Um estudo recente publicado na Frontiers in Climate, do qual Marengo é coautor, revelou que, no Brasil, a duração das ondas de calor passou de cinco dias antes dos anos 2000 para até 20 dias atualmente.

O impacto já é sentido em diversas regiões, com o Sudeste e o Sul alternando entre calor extremo e tempestades localizadas.

Além disso, a oscilação natural da atmosfera, conhecida como Oscilação de Madden-Julian (MJO), tem encontrado uma atmosfera já aquecida pelas emissões de gases de efeito estufa, intensificando os bloqueios atmosféricos e prolongando as ondas de calor.

Os efeitos desse calor prolongado vão além do desconforto térmico. A falta de chuva na estação chuvosa pode comprometer o abastecimento de água nos próximos meses e aumentar o risco de incêndios.

O litoral do Sudeste também sente os impactos: o oceano, sem o afloramento de águas frias, segue aquecendo, o que intensifica ainda mais a sensação de calor.