Uma doença misteriosa tem causado preocupação na República Democrática do Congo (RDC), após a morte de mais de 50 pessoas em poucas semanas, segundo informou a Organização Mundial de Saúde (OMS) na terça-feira (25).
O surto começou na cidade de Boloko, onde três crianças morreram 48 horas depois de consumirem um morcego. Desde então, o número de casos cresceu rapidamente, com 419 infectados e 53 mortes registradas até o momento.
Segundo Serge Ngalebato, diretor do Hospital Bikoro, a rapidez com que os pacientes evoluem para óbito é alarmante.
“O intervalo entre os primeiros sintomas e a morte é de apenas dois dias, e isso é o que mais preocupa”, afirmou o médico.
Diante da escalada do surto, amostras de 13 casos foram enviadas ao Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica, na capital Kinshasa.
Os testes descartaram doenças conhecidas como Ebola e febres hemorrágicas comuns, embora algumas amostras tenham dado positivo para malária.
Risco de doenças zoonóticas
O consumo de carne de animais silvestres é comum na Bacia do Congo, onde estima-se que a população consuma cerca de cinco milhões de toneladas desse tipo de carne anualmente.
Sem oferta suficiente de proteína no mercado local, morcegos, chimpanzés, ratos, cobras e até porco-espinhos fazem parte da alimentação de muitas famílias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que surtos de doenças transmitidas de animais para humanos cresceram mais de 60% na última década na África.
Essas doenças emergentes representam um grande desafio sanitário, especialmente em regiões onde o acesso a cuidados médicos é limitado.
Com um segundo surto registrado na cidade de Bomate, as autoridades reforçaram as investigações para identificar a causa da doença e conter sua propagação.