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Petrobras (PETR4): ações desmoronam após balanço do 4° trimestre - confira análise do BTG Pactual sobre os resultados

Banco mantém recomendação positiva sobre a companhia, ao acreditar que a volatilidade atual pode representar uma oportunidade

Petrobras - PETR3 - PETR4

Números abaixo das expectativas no 4° trimestre e CAPEX fora das orientações são os principais motivos que sustentam a queda das ações da Petrobras (PETR3)(PETR4) nesta quinta-feira (27). Por volta das 10:30, os papéis PETR4 caíam 3,56% a R$ 36,58, já os PETR3 desmoronavam 4,07%, cotados a R$ 39,06.

Apesar disso, o BTG Pactual mantém sua recomendação positiva sobre a companhia, ao acreditar que a volatilidade atual pode representar uma oportunidade para investidores com visão de longo prazo.

Motivos para queda nas ações da Petrobras

No período, a petroleira teve um EBITDA (lucro antes juros e amortização) consolidado ajustado de US$ 9,8 bilhões, 9% abaixo das estimativas do BTG Pactual, principalmente devido ao aumento nos custos de extração no setor de E&P (exploração e produção), que subiram de US$ 8,2 para US$ 9,1 por barril, refletindo os efeitos de uma parada de manutenção no campo de Búzios.

No entanto, o segmento de Refino e Marketing (R&M) apresentou um desempenho impressionante, com EBITDA de US$ 1,5 bilhão e margem de 8%, o maior nível desde 2023.

Esse resultado ajudou a mitigar as preocupações com a estratégia de comercialização de combustíveis da empresa.

Por outro lado, a Petrobras encerrou o quarto trimestre de 2024 com uma decisão que chamou atenção: um capex de US$ 5,7 bilhões, elevando o total de investimentos para US$ 16,6 bilhões no ano19% acima da orientação de US$14 bilhões.

A reação do mercado a essa movimentação já é experimentada nas ações da companhia. Isso porque, a avalição do BTG Pactual aponta que, apesar do histórico de desempenho positivo da Petrobras, o aumento do capex levanta bandeiras amarelas para os investidores, especialmente no curto prazo.

O que motivou o aumento no capex?

O salto no capex da Petrobras foi motivado pela decisão de acelerar os investimentos no campo de Búzios, o projeto mais promissor da companhia, que estava inicialmente previsto para gerar resultados financeiros mais significativos apenas em 2025.

Segundo a gestão da Petrobras, essa aceleração é estratégica, buscando reduzir a diferença entre o progresso físico e financeiro da operação, além de mitigar riscos na cadeia de suprimentos.

Para ilustrar, a empresa comparou o processo de E&P à construção de imóveis, onde os investimentos começam a ser intensificados somente quando vários marcos do projeto são atingidos.

O lado positivo ainda está presente, mas a cautela é necessária

Embora o aumento do capex seja um sinal de adaptação estratégica, o BTG Pactual destaca que, se os investimentos adicionais levarem a uma produção mais rápida e de maior volume, isso poderá resultar em um aumento do fluxo de caixa livre (FCFE) e dividendos mais robustos no futuro.

No entanto, o banco destaca que a Petrobras não revisou sua orientação para capex em 2025, mantendo as projeções de produção inalteradas, o que pode gerar receios no mercado.

Além disso, a possibilidade de mais gastos no curto prazo e a falta de garantias de que a diferença físico-financeira não se alargue novamente podem levar investidores a exigir múltiplos mais baixos para as ações da companhia.

O exemplo recente da PRIO (PRIO3) ilustra o receio do mercado em pagar por um crescimento de longo prazo, ainda mais quando os dividendos de curto prazo são incertos.

Capex mais alto, dividendos mais baixos…

O aumento no capex teve um impacto direto no pagamento de dividendos.

Com o fluxo de caixa operacional (FCF) de US$ 3,8 bilhões, a Petrobras distribuiu apenas US$ 1,6 bilhões em dividendos, resultando em um rendimento de 1,8%.

Esse valor ficou abaixo das expectativas do mercado, que projetava um pagamento de até US$ 2,6 bilhões.

Apesar disso, o valor total distribuído pela Petrobras, incluindo recompra de ações, alcançou cerca de US$ 14 bilhões, o que representa um rendimento de 16% baseado na capitalização de mercado atual.

Uma bandeira amarela: Riscos políticos e custos de capital elevados

O BTG Pactual não ignora os riscos associados à Petrobras, especialmente devido ao histórico de interferência política.

Embora o aumento do capex tenha gerado apreensão, a análise sugere que episódios de pânico excessivo sobre mudanças na liderança ou políticas da empresa frequentemente criam boas oportunidades de entrada.

Embora isso, o banco mantém sua recomendação de compra, destacando que, apesar das bandeiras amarelas, o potencial de valorização no longo prazo ainda persiste.