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DÓLAR HOJE - Tarifas de Trump, PIB dos EUA e inflação medida pelo PCE influenciam o câmbio

Moeda norte-americana inicia o dia em leve alta e cotação vai a R$ 5,735

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ATUALIZAÇÕES DA COTAÇÃO DO DÓLAR:

  • Fechamento: Dólar comercial (compra) encerra em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,752.
  • – 9:28: Dólar comercial (compra): +0,04%, cotado a R$ 5,735.

Na sessão anterior…

Na última terça-feira (25), o dólar comercial (compra) fechou em alta de 0,42%, cotado a R$ 5,732.

O que influencia o dólar?

Atualmente, o dólar sofre influência principalmente pela incerteza em torno das tarifas recíprocas que o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos (EUA), vai implementar a partir do dia 2 de abril.

O mercado financeiro teme que essas medidas protecionistas afetem o comércio global e elevem a inflação nos Estados Unidos (EUA), o que pode exigir uma postura mais dura do Federal Reserve (FED).

A fala de Alberto Musalem, membro da autoridade monetária, reforçou essa preocupação ao indicar que os juros norte-americanos podem permanecer elevados por mais tempo.

Taxas mais altas atraem investimentos para os EUA, e fortalecem o dólar frente a outras moedas.

Brasil

Nesta quinta-feira (27), o mercado financeiro local observa o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), referente ao mês de março, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

LEIA MAIS: IPCA-15: inflação fica em 0,64% em março, diz IBGE

Além disso, o Relatório de Política Monetária (RPM), divulgado pelo Banco Central (BC), e o resultado do Governo Central em fevereiro, reportado pelo Tesouro Nacional, são monitorados.

i. A estimativa de alta do PIB foi reduzida de 2,10% para 1,90%, com destaque para a queda na projeção de crescimento da indústria, que passou de 2,4% para 2,2%, e da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que recuou de 2,90% para 2,0%. 

O consumo das famílias foi revisado para baixo, de 2,40% para 1,50%, enquanto o consumo do governo foi mantido em 1,6%.  

Na contramão, o setor agropecuário apresentou uma revisão significativa para cima, com projeção de crescimento que passou de 4,0% para 6,50%.  

No que diz respeito à inflação, o Banco Central (BC) projeta IPCA de 0,6% em março, 0,42% em abril, 0,26% em maio e 0,27% em junho

Para 2026, a chance de estouro do teto da meta de inflação aumentou de 26% para 28%, enquanto a chance de estouro do piso foi mantida em 6% – o que evidencia que os riscos seguem mais concentrados na parte superior da banda de metas.

A projeção de superávit comercial foi revisada de US$ 65,0 bilhões para US$ 61,0 bilhões, enquanto o déficit em transações correntes aumentou de US$ 58 bilhões para US$ 62 bilhões.

Por sua vez, o Investimento Direto no País (IDP) foi mantido em US$ 70 bilhões, mas a estimativa de investimento em carteira recuou de US$ 15,0 bilhões para US$ 10 bilhões.

No setor de serviços, a expectativa de crescimento do PIB caiu de 1,90% para 1,5%, em reflexo a um cenário econômico mais moderado.

O Banco Central ainda reforçou que os parâmetros utilizados no cenário de referência — como taxa Selic, câmbio e preço do petróleo — não necessariamente refletem o cenário-base considerado pelo Comitê de Política Monetária (COPOM).

O Comitê destacou a presença de diversos riscos ao redor de suas projeções de inflação, em reforço a postura cautelosa da política monetária.

ii. Em meio a esse ambiente, dados da FGV mostraram que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) da indústria avançou 0,6 ponto percentual em março, a 81,50%, o maior nível em vários meses.

iii. O governo central registrou déficit primário de R$ 31,6 bilhões em fevereiro, contra um saldo negativo de R$ 58,26 bilhões no mesmo mês de 2024, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira (27).

O resultado final reúne as contas de Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social.

RPM

Às 11:00, o mercado financeiro acompanha os comentários de Gabriel Galípolo e Diogo Guillen sobre o novo Relatório de Política Monetária, que substitui o Relatório Trimestral da Inflação (RTI).

Após o tom hawkish do Comitê de Política Monetária (COPOM), a curva de juros reflete a possibilidade de maior rigor na política monetária para compensar pressões inflacionárias e estímulos fiscais.

Caso o COPOM tenha sido excessivamente rígido em sua comunicação, Galípolo pode ajustar as expectativas do mercado financeiro com os comentários desta quinta-feira (27).

Cresceram as apostas do mercado financeiro em um aumento de 75 pontos-base na Selic em maio, e superaram o consenso inicial de 50 pontos-base. Existem projeções de novas altas em junho e julho.

EUA

Nesta quinta-feira (27), o mercado norte-americano observa o Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE) e o Produto Interno Bruto (PIB), ambos referentes ao 4° trimestre.

Além disso, investidores monitoram o volume de pedidos de auxílio-desemprego na semana.

Tarifas ampliadas

O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que impôs tarifas de 25% sobre todos os automóveis importados. As tarifas entram em vigor em 2 de abril e serão permanentes.

Trump espera arrecadar US$ 100 bilhões com as tarifas e acredita que montadoras com fábricas nos Estados Unidos (EUA) ficarão satisfeitas com a medida.

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, reagiu e convocou seu gabinete para discutir represálias, além de acusar Trump de desrespeitar o acordo EUA-México-Canadá.

Doug Ford, premiê de Ontario, apoiou tarifas retaliatórias e alertou que os custos para as famílias americanas aumentarão. Carney prometeu uma resposta firme do Canadá.

Na Casa Branca, Trump afirmou que as tarifas recíprocas, a partir de 2 de abril, serão “lenientes” e menores que as cobradas pelos parceiros comerciais.

Em contrariedade a seu secretário do Tesouro, Trump disse que as tarifas atingirão todos os países, não apenas os 15% inicialmente mencionados.

Ele também sugeriu reduzir tarifas à China caso um acordo sobre o TikTok seja fechado, e mencionou a possibilidade de estender o prazo para a venda da plataforma.

Menos que o desejado

Capital Economics estima que as tarifas de 25% sobre carros importados gerarão menos de US$ 50 bilhões, metade da previsão de Trump.

Em 2024, os EUA importaram US$ 217,0 bilhões em veículos acabados, 6,6% do total de bens importados. Peças automotivas, que somaram US$ 88 bilhões, não devem ser afetadas.

O México foi a maior origem das importações (23,00%), seguido pela União Europeia (21,00%), Japão (18,00%), Coreia do Sul (17,00%) e Canadá (13,00%). A China representou apenas 2,00%.

Ainda não ficou claro se Trump reverteria as tarifas mediante concessões ou se elas serão cumulativas com as tarifas recíprocas da próxima semana.

No longo prazo, a medida pode estimular a produção interna, mas, no curto prazo, vai ser inflacionária e tornam os veículos novos um item de luxo.

Os preços dos carros usados também podem subir, pois consumidores podem optar por mantê-los por mais tempo.

Rússia vs. Ucrânia

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o acordo de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia ainda está preliminar e precisa ser analisado.

Segundo Rubio, existe um entendimento sobre o cessar-fogo energético e no Mar Negro, mas a Rússia impôs condições que serão avaliadas antes de apresentá-las a Trump.

Na França, ao lado de Volodymyr ZelenskyEmmanuel Macron defendeu uma força armada unificada na Europa para reagir a uma possível ofensiva russa liderada por Vladmir Putin.

O presidente francês também anunciou um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia no valor de 2 bilhões de euros.