
O Partido dos Trabalhadores (PT) avalia que o Partido Liberal (PL) ficou isolado na Câmara dos Deputados ao tentar obstruir a votação do Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica — proposta de interesse direto do agronegócio e estratégica para a atuação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa comercial com os Estados Unidos (EUA).
Diante dessa cena, lideranças petistas enxergam uma oportunidade política e voltaram a articular o nome do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados, para o comando do Ministério da Agricultura.
A obstrução, manobra comum da oposição para travar votações no Congresso Nacional, consiste na ausência deliberada de parlamentares com o objetivo de impedir o quórum necessário para as deliberações, além da apresentação de requerimentos de retirada de pauta.
Esta foi a segunda semana consecutiva em que o PL adotou essa estratégia, na tentativa de pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a colocar em votação o projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro.
Segundo líderes partidários ouvidos pelo portal Metrópoles, a ofensiva do PL não surtiu efeito e deve continuar sem adesão expressiva nas próximas semanas. Com isso, o PT busca intensificar uma aliança com o Centrão, bloco que abriga grande parte dos parlamentares ligados ao agronegócio, a chamada “bancada do boi”.
A recente aprovação do PL da Reciprocidade selou uma rara união entre o governo federal e o setor do agronegócios. O texto favorece o Brasil em negociações comerciais internacionais e oferece proteção contra medidas conhecidas como “protecionismo verde” adotadas por países europeus.
Com isso, lideranças petistas passaram a defender com mais veemência a indicação de Arthur Lira ao Ministério da Agricultura como forma de consolidar apoio da bancada ruralista ao governo Lula.
Atualmente, a pasta, comandada por Carlos Fávaro (PSD), enfrenta críticas de parlamentares.
Já Lira, ex-presidente da Câmara dos Deputados, mantém forte influência sobre o Centrão.
Para integrantes do PT, sua nomeação poderia minimizar tensões entre o Palácio do Planalto e o agronegócio.
Apesar da movimentação petista, lideranças da bancada ruralista avaliam que a nomeação de Lira não seria um “bom negócio” para o deputado federal. Fora do governo, ele conseguiria manter boa relação com Lula sem se comprometer diretamente — movimento considerado estratégico para sua eventual candidatura ao Senado por Alagoas em 2026. Em 2022, Lira apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado.
A discussão sobre sua ida ao Ministério da Agricultura ganhou novo fôlego após sua participação na comitiva presidencial que viajou ao Japão. A missão visava fortalecer as relações comerciais do Brasil com países asiáticos e ampliar as exportações de carne brasileira para a região.