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DÓLAR HOJE - Guerra de tarifas entre EUA e China influencia o câmbio, com dados fiscais do Brasil e falas do FED no radar

Na última segunda-feira, 8 de abril, o dólar comercial (compra) fechou em alta de alta de 1,29%, cotado a R$ 5,91

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ATUALIZAÇÕES DA COTAÇÃO DO DÓLAR:

  • Fechamento: Dólar comercial (compra): +1,47%, a R$ 5,997.
  • – 9:02: Dólar comercial (compra): -0,71%, cotado a R$ 5,869.

Na sessão anterior…

Na última segunda-feira (8), o dólar comercial (compra) fechou em alta de alta de 1,29%, cotado a R$ 5,91.

O que influencia o dólar?

As declarações e tarifas de Donald Trump seguem com impacto direto sobre o câmbio. Desta vez, a nova ameaça do presidente norte-americano de impor uma tarifa adicional de 50% sobre importações chinesas, caso a China não reverta as retaliações recentes, criou mais tensão global.

O republicano deu até às 12:00 (horário de Brasília) desta terça-feira (8) para a China retirar a retaliação sobre os produtos estadunidenses.

Esse cenário aumenta ainda mais a aversão ao risco, o que tem sustentado a alta do dólar.

Mas, além disso, o mercado financeiro global interpreta que, como a razão pelas tarifas, existe uma tentativa do governo Donald Trump de financiar cortes de impostos internos e incentivar a reindustrialização norte-americana.

O repatriamento de fábricas e a elevação da produção doméstica visam reduzir o déficit fiscal e aumentar o emprego — objetivos politicamente valiosos em ano eleitoral.

No curto prazo, o aumento de tarifas também levanta preocupações inflacionárias, que o Federal Reserve (FED) acompanha de perto. Assim, a expectativa de inflação em alta pode postergar ou reduzir o espaço para cortes de juros nos EUA, o que tende a valorizar ainda mais o dólar.

Diante disso, o mercado financeiro aguarda com atenção a ata do Federal Reserve (FED), a ser divulgada na próxima quarta-feira (9).

Como as tarifas recíprocas ainda não estavam em vigor na última reunião, a ata pode oferecer pistas sobre os próximos passos da política monetária americana.

Brasil

Nesta terça-feira (8), o mercado financeiro local observa os dados da produção industrial mensal (PIM Regional) de fevereiro, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sete dos 15 locais investigados pela Pesquisa Indústria Mensal (PIM) Regional recuaram na passagem de janeiro para fevereiro, quando a produção industrial do país variou -0,10%.

As maiores quedas foram registradas na Bahia (-2,6%), Ceará (-1,0%) e São Paulo (-0,8%), enquanto Pernambuco (6,5%) assinalou o avanço mais intenso.

Na comparação com fevereiro do ano passado, a alta de 1,50% foi acompanhada por cinco dos dezoito locais pesquisados.

No acumulado em doze meses, o avanço de 2,6% do setor industrial foi acompanhado por quinze das dezoito localidades, e apresentaram, porém, menor dinamismo.

Além disso, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), em sua 1ª prévia de abril, foi informado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelerou a 0,05% na primeira prévia de abril, após alta de 0,290% na mesma leitura do mês de março.

Por fim, o Banco Central (BC) apresentou o resultado primário do setor público em fevereiro.

LEIA MAIS: Déficit primário do Brasil recua em fevereiro, mas dívida pública atinge 61,4% do PIB

De acordo com dados do Banco Central (BC), a alta dos juros eleva déficit nominal e pressiona indicadores de endividamento do setor público.

Do lado dos eventos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa de evento, às 9:30. O presidente do Banco CentralGabriel Galípolo, comparece na CPI das Bets, no Senado Federal (às 11:00). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), participa de evento do Bradesco BBI (às 17:00).

EUA

Nesta terça-feira (8), o mercado norte-americano lida com uma agenda de indicadores esvaziada.

Investidores observam o discurso da presidente do Federal Reserve (FED) de San Francisco, Mary Daly, às 15:00.

Prazo de Donald Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu prazo até esta terça-feira (8), às 12:00, para a China retirar a tarifa de 34%Caso contrário, ele vai aplicar mais 50% e elevar a taxação total.

Contudo, a China rejeitou a exigência. O Ministério do Comércio chinês avisou que vai responder com novas contramedidas caso os EUA ampliem as tarifas.

Assim, na quarta-feira (9) entram em vigor tarifas mais altas contra a China, outros países asiáticos e a União Europeia, que também prepara retaliações conjuntas.

Na segunda-feira (7), a Comissão Europeia propôs taxar produtos dos EUA, e reagiu às tarifas sobre aço alumínio. A lista de retaliações busca equilíbrio interno.

De acordo com a Fitch Ratingsas novas tarifas americanas prejudicarão a receita e os lucros de setores europeus, especialmente químicos, automotivos e de tecnologia.

Fabricantes de automóveis europeus, segundo a agência, enfrentam riscos ainda maiores, especialmente nas cadeias globais de suprimento.

A resposta da China

A China respondeu rápido. O porta-voz Liu Pengyu declarou que ameaças não funcionam e que o país vai proteger seus interesses legítimos.

Ele acusou os EUA de protecionismo e intimidação econômica, e pedem ações concretas das empresas norte-americanas, inclusive a Tesla (TSLA34), para resolver o impasse.

Liu também criticou o slogan “América em primeiro lugar”, e afirmou que isso prejudica a recuperação econômica e a estabilidade global.

Para reforçar a crítica, a embaixada chinesa publicou no X um discurso de Ronald Reagan, feito em 1987, contra o uso de tarifas.

No pronunciamento, Reagan alertava que tarifas geram retaliações, colapsos de mercado e desemprego em massa. Um recado direto aos atuais republicanos.

Impacto inflacionário

Autoridades econômicas alertam para o impacto inflacionário das tarifas. Na última segunda-feira (7), Adriana Kugler, do FED, disse que controlar a inflação voltou a ser prioridade.

Larry Fink, CEO da BlackRock, afirmou que as tarifas são mais inflacionárias do que o previsto e alertou sobre possível recessão em andamento nos EUA.

Jamie Dimon, do J.P. Morgan, reforçou que tarifas podem causar efeitos duradouros e prejudicar o crescimento econômico global de forma significativa.

O UBS projetou que a inflação induzida por tarifas vai corroer o poder de compra nos EUA, com pico inflacionário previsto para o primeiro semestre de 2026.

Além disso, o banco apontou que a crise se transformou em novo choque de crescimento para o resto do mundo.

O Goldman Sachs elevou a probabilidade de recessão nos EUA para 45% em doze meses, e citou a escalada agressiva das tarifas.

O J.P. Morgan considera 60% de chance de recessão. Ambos os bancos revisaram para baixo suas previsões de crescimento do PIB dos EUA para 2025.

O Goldman Sachs agora prevê que o FED vai cortar juros três vezes a partir de junho. Em cenário recessivo, os cortes podem chegar a 200 pontos-base.

Analistas do banco alertaram que a projeção pode mudar para recessão total, a depender das tarifas que forem implementadas nesta semana.