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DÓLAR HOJE - Guerra de tarifas entre China e EUA influencia o câmbio, com ata do Federal Reserve e dados do Brasil no radar

Moeda norte-americana se mantém acima de R$ 6, com retaliações tarifárias entre China e EUA

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Trump aumenta tarifa da China em 125% e anuncia pausa de 90 dias nas tarifas para alguns países

Nesta quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas para países que não fizeram retaliações. A Casa Branca esclareceu que as tarifas voltaram para 10% “universais” com exceção da China, enquanto as negociações continuam.

Trump também afirmou em uma postagem nas redes sociais que estava aumentando as tarifas impostas sobre as importações da China para 125%. O presidente falou que essas tarifas terão “efeito imediato”, devido à “falta de respeito que a China demonstrou pelos mercados mundiais”.

Na sessão anterior…

Na última terça-feira (9), o dólar comercial (compra) fechou em alta de alta de 1,47%, a R$ 5,997.

O que influencia o dólar?

Ao anunciar e implementar a tarifa de 104% sobre produtos chineses, o governo dos Estados Unidos (EUA) adicionou uma nova camada de risco aos mercados financeiros, com ampliação da aversão ao risco e a busca por proteção em ativos mais seguros, o que tende a sustentar a alta do dólar.

Esse movimento impacta diretamente o câmbio, porque o dólar tem sido tradicionalmente visto como um porto seguroem tempos de turbulência.

No entanto, a valorização da moeda não significa um sinal de confiança na política econômica dos EUA, mas sim da insegurança provocada por ela.

A escalada tarifária aumenta os custos de importação e, muito provavelmente, esses custos serão repassados aos consumidores americanos, o que tende a pressionar a inflação no curto prazo.

Esse cenário chega num momento em que a economia dos EUA ainda demonstrava força, com crescimento sólido e um mercado de trabalho aquecido.

Nesta quarta-feira (9), os investidores monitoram a ata do Federal Reserve (FED) para entender o rumo dos juros no País.

Se os próximos indicadores de inflação — o CPI (sigla em inglês para Índice de Preços ao Consumidor) e o PPI (sigla em inglês para Índice de Preços ao Produtor) — confirmarem alta nos preços, o FED pode ser forçado a adotar uma postura mais agressiva ou mais cautelosa, a depender da leitura que fizer sobre os riscos de recessão.

Essa incerteza também movimenta o mercado de câmbio e o diferencial de juros entre Brasil (14,25%) e EUA (4,25% a 4,50%) pode ajudar a moeda brasileira a não derreter tanto frente ao dólar.

Brasil

Nesta terça-feira (8), o mercado financeiro local observa dados do varejo medidos pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) e o Índice de Preços ao Produtor (IPP), ambos referentes a fevereiro e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

  • IPP: Os preços da indústria nacional registraram variação negativa de 0,12% em fevereiro frente a janeiro (0,15%), e encerraram uma sequência de doze resultados positivos seguidos.

Nesse período, o ganho acumulado chegou a 9,71%.

O Índice de Preços ao Produtor (IPP), assim, apresentou alta de 9,41% em 12 meses e o acumulado no ano ficou em 0,03%.

Em fevereiro de 2024, a taxa mensal havia sido de 0,14%. 

  • PMC: Na passagem de janeiro para fevereiro, as vendas no comércio varejista no país aumentaram 0,5% e atingiram o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000, e superaram em 0,30% o nível recorde anterior (outubro de 2024).

O índice volta a crescer após uma série de quatro meses de variações muito próximas de zero, consideradas como estabilidade.

Além disso, investidores ficam atentos ao que pode surgir após reunião entre Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), Fernando Haddad (PT-SP)(Fazenda), Rui Costa (PT-BA), da Casa Civil, e Luiz Marinho (PT-SP), ministro do Trabalho, às 11:00.

Os efeitos da escalada da guerra comercial de Donald Trump no Brasil

Produtos chineses importados pelos Estados Unidos (EUA) ficaram 104% mais caros após Donald Trump aplicar tarifas adicionais a China.

Esse aprofundamento da guerra comercial acontece porque a China decidiu manter a retaliação de 34% sobre produtos estadunidenses, na última terça-feira (8), e mais que dobrou a aposta ao anunciar uma taxa adicional de 84%.

No mesmo dia, o Canadá começou a cobrar 25% sobre veículos norte-americanos, enquanto a União Europeia (UE) avalia contramedidas à tarifa de 20% imposta por Washington e amplia o conflito.

China prometeu “lutar até o fim”, o que aumenta o risco de novas retaliações e intensifica o temor de recessão global, com efeitos já sentidos pelo Brasil.

Se, no início, o Brasil comemorou a alíquota mínima de 10% por acreditar que o agronegócio sairia vitorioso, agora o mercado se inquieta com as incertezas, e o dólar voltou para a casa dos R$ 6.

Os efeitos da política tarifária de Trump dominaram os debates em painel do Bradesco BBI, que reuniu empresários, gestores e investidores em São Paulo (SP).

A avaliação unânime foi que o Brasil não vai escapar ileso e vai ser afetado pela desaceleração chinesa.

EUA

Nesta quarta-feira (9), o mercado norte-americano monitora as informações da ata da reunião de março do Federal Reserve (FED), divulgada às 15:00.

O destino dos juros

Após o presidente Donald Trump intensificar as tarifas contra a China, investidores passaram a ver mais de 50% de chance de o FED retomar os cortes de juros já em maio.

A mudança reflete maior preocupação com uma recessão nos EUA do que com pressões inflacionárias, e levantam dúvidas sobre qual mandato o FED vai priorizar: inflação ou emprego.

A Fitch Ratings alertou que as tarifas dificultam novos cortes de juros, uma vez que os preços devem subir.

Moody’s, por sua vez, apontou que a incerteza já freia investimentos, derruba as Bolsas e aumenta a busca por segurança em títulos do Tesouro norte-americano.

Morgan Stanley revisou para baixo as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano para 0,8% em 2025 e 0,7% em 2026, em reflexo ao impacto do novo ambiente.

No Goldman Sachs, Robin Brooks classificou as tarifas de 104% como “debilitantes” e avaliou que a medida eleva o risco de choques extremos nos mercados.

Já a BlackRock também adotou postura mais cautelosa com ações dos EUA, e reduziu sua exposição de “acima da média” para “neutra”, diante da instabilidade de curto prazo, embora mantenha otimismo no longo prazo.

Donald Trump impõe recessão na Zona do Euro

As tarifas de 20% impostas por Donald Trump devem levar a Zona do Euro à recessão, segundo economistas da Pantheon Macroeconomics, que destacam o colapso na confiança dos investidores.

A consultoria alerta que, enquanto a Europa prepara uma resposta, existe uma tendência de queda ainda maior na confiança econômica.

Em coletiva na terça-feira (9), Donald Trump afirmou que a União Europeia (UE) vai precisar se comprometer a comprar US$ 350 bilhões em energia dos EUA para obter alívio nas tarifas. Ao ser questionado se isso bastaria para recuar, ele respondeu negativamente.

A fala de Trump foi uma resposta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que havia proposto eliminar as tarifas europeias sobre carros e produtos industriais dos EUA, desde que Washington fizesse o mesmo.