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DÓLAR HOJE - Guerra de tarifas entre China e EUA, Jerome Powell e juros influenciam o câmbio

Moeda norte-americana iniciou o dia em queda e cotação atinge R$ 5,87

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ATUALIZAÇÕES DA COTAÇÃO DO DÓLAR:

  • Fechamento: Dólar comercial (compra): -0,44%, cotado a R$ 5,864.
  • – 9:19: Dólar comercial: -0,29%, cotado a R$ 5,873.

Na sessão anterior…

Na última terça-feira (15), o dólar comercial (compra) fechou em alta de 0,67%, cotado a R$ 5,89.

O que influencia o dólar?

A guerra tarifária, reacendida por medidas agressivas de Donald Trump — como a tarifa de 145% sobre produtos chineses — e pela retaliação da China ao suspender compras da Boeing e de peças norte-americanas, elevou a volatilidade do dólar.

Esse tipo de conflito cria incertezas globais, pressiona moedas de países emergentes como o real, uma vez que os investidores tendem a buscar segurança em ativos considerados mais estáveis, como o dólar.

As falas de Trump, que transferem à China a responsabilidade pelo próximo passo nas negociações, também aumentam o nervosismo dos mercados.

A percepção de que a disputa pode escalar alimenta dúvidas sobre o crescimento global e desestimula fluxos de capital para mercados mais arriscados. E, talvez, os temores tenham se concretizado. Na manhã desta quarta-feira (16), os EUA afirmaram que as sobretaxas sobre produtos chineses, em alguns casos, chegam a até 245%.

Além disso, a ideia de substituir parte da arrecadação tributária norte-americana por receitas de tarifas traz questionamentos sobre a sustentabilidade fiscal dos EUA e seus reflexos no comércio global.

Diante disso, as apostas para o primeiro corte nos juros dos EUA migraram para junho, com 80% de chance de manutenção das taxas em maio entre 4,25% e 4,50%.

Essa perspectiva surge, principalmente, depois que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (FED), revisou sua visão sobre a inflação. O dirigente admitiu que as tarifas têm impacto mais forte e duradouro do que o esperado.

Ele reforçou que não existe pressa para cortar os juros e que o FED deve aguardar maior clareza no cenário econômico antes de agir.

O presidente da autarquia discursa às 14:30 em evento e investidores monitoram as falas, o que deve refletir movimentos para o dólar.

Brasil

Nesta quarta-feira (16), o mercado financeiro local opera com a agenda de indicadores econômicos esvaziada.

Diante disso, investidores monitoram a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), no programa Sem Censura, da TV Brasil.

Orçamento

O governo apresentou a proposta orçamentária de 2026 com meta de superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), e tolerância de variação entre zero e 0,5%.

Para 2026, a projeção do governo indica superávit de R$ 38,2 bilhões, acima da meta de R$ 34,3 bilhões estabelecida oficialmente.

Esse resultado considera a exclusão de R$ 55,10 bilhões em despesas, especialmente precatórios. Sem essa manobra, haveria déficit de R$ 16,90 bilhões.

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou essa exclusão até 2026, o que limita o uso dessa estratégia nos anos seguintes.

Com uma meta mais ambiciosa, a equipe econômica deve enfrentar obstáculos maiores, em um cenário de baixa confiança nas estimativas de arrecadação.

O governo esperava arrecadar R$ 55,60 bilhões com julgamentos do CARF em 2025, mas até agora só R$ 307,0 milhões entraram nos cofres públicos.

Para 2025, a previsão segue elevada, com R$ 28,50 bilhões estimados, o que especialistas consideram irrealista.

Além disso, economistas alertam para despesas subestimadas, o que torna o Orçamento projetado pouco confiável.

Mesmo com expectativa de desaceleração econômica, o governo projeta crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% em 2026, com inflação de 3,5%, e expansão de 2,6% em 2027.

O projeto orçamentário considera:

  • o dólar a R$ 5,970;
  • Selic média de 12,56%; e
  • barril de petróleo cotado a US$ 66,74 em 2026.

No lado das despesas, existe pressão crescente, especialmente com Previdência Social e assistência social, agravada pela previsão de salário mínimo em R$ 1.630.

Por fim, a dívida pública deve atingir 78,50% do PIB em 2025 e 81,8% em 2026, e pode chegar a 84,2% em 2028, antes de iniciar trajetória de queda, segundo o governo.

Cabe destacar que o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) prevê ainda R$ 40,8 bilhões em emendas parlamentares individuais e R$ 12 bilhões para emendas de comissão.

Nova faixa do Minha Casa, Minha Vida

O governo criou uma nova faixa no programa habitacional para famílias com renda de até R$ 12 mil, com ampliação do limite anterior de R$ 8 mil.

Aprovada pelo Conselho Curador do FGTS, a nova modalidade vai ter juros de até 10,5% ao ano e contar com R$ 30 bilhões em 2024.

O financiamento vale para imóveis de até R$ 500 mil, novos ou usados, e pode ser parcelado em até 30 anos, de acordo com o setor.

Para analistas, a medida atende uma demanda real e amplia o acesso à moradia para a classe média.

Eles avaliam que a Faixa 4 pode reorganizar o mercado e estimular o setor, mesmo com juros altos.

EUA

Nesta quarta-feira (16), o mercado norte-americano observam os dados de vendas no varejo produção industrial de março.

Além disso, investidores observam o discurso do presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell.

Juros de molho em meio às tarifas

O discurso de Jerome Powell acontece às 14:30 e deve reforçar uma postura cautelosa sobre os juros, em meio à crescente tensão tarifária instaurada por Donald Trump.

As apostas para o primeiro corte de juros migraram para junho, enquanto, em maio, existe 80% de chance de manutenção da taxa entre 4,25% e 4,50%.

Em sua última fala, Powell revisou a avaliação anterior sobre a inflação e reconheceu que as tarifas são mais fortes e duradouras do que se previa.

Ele reafirmou que não existe pressa para reduzir os juros e que o melhor seria esperar por maior clareza no cenário econômico.

Apesar disso, Christopher Waller, dirigente do FED, defendeu uma ação mais rápida e intensa para evitar que uma recessão afete o pleno emprego.

Sem direção clara, o mercado reage dia após dia, movido por incertezas e pela ausência de sinalizações firmes da autoridade monetária.

No plano político, Trump enviou um recado à imprensa e cobrou uma iniciativa da China para aliviar a guerra comercial.

Ele afirmou que “a bola está na quadra da China” e que Pequim precisa do consumidor americano, mais do que os EUA precisam dos produtos chineses.

Apesar da pressão, a China mantém firme sua posição, sem sinais de recuo nas negociações provocadas pelas barreiras criadas por Trump.

Enquanto isso, a Casa Branca afirma que negocia acordos com dezenas de países e que Trump quer assinar pessoalmente ao menos 15 tratados.

China x EUA

Em resposta à escalada da guerra comercial, a China suspendeu a entrega de 10 jatos da Boeing comprados pela China Southern Airlines.

A empresa pretendia substituir aviões americanos por modelos maiores e mais modernos, mas citou “eventos que impactaram as transações” em comunicado à Bolsa de Xangai.

Além disso, Pequim ordenou que suas companhias deixem de comprar peças de aeronaves fabricadas nos EUA.

Trump reagiu e acusou a China de ter “renegado o grande acordo com a Boeing” em sua rede social, a Truth Social.

A China Southern, uma das maiores companhias aéreas do mundo, opera 932 jatos e transportou mais de 160 milhões de passageiros em 2024.

Europa x EUA

A União Europeia (UE) e os EUA fizeram poucos avanços nas negociações comerciais desta semana, e os americanos mantêm grande parte das tarifas sobre produtos europeus.

Após reunião em Washington, o chefe de comércio da UE, Maros Sefcovic, criticou a falta de clareza da Casa Branca e a dificuldade de entender seus objetivos.

A proposta da UE de eliminar tarifas sobre bens industriais, inclusive automóveis, foi rejeitada, apesar dos EUA terem importado US$ 52,30 bilhões em veículos europeus em 2024.

Trump impôs novas tarifas que afetam 380 bilhões de euros em produtos da UE.

Mesmo que ofereçam aumentar as compras de gás natural dos EUA, os europeus não conseguiram avançar nas negociações como alternativa às tarifas.

Na semana passada, a UE adiou por 90 dias suas contramedidas, após os EUA reduzirem tarifas de 20% para 10%, mas segue preparada para retaliar.

A Comissão Europeia avisou que medidas contra US$ 21,0 bilhões em produtos americanos entrarão em vigor se não houver progresso até o fim do prazo.

Enquanto isso, a UE acelera acordos com outros países e busca fortalecer seu mercado interno diante do impasse com os EUA.

Ásia

China – O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,4% no primeiro trimestre, e os dados de março surpreenderam positivamente, com produção industrial em alta de 7,70% e varejo num avanço de 5,90%.

Ambos os resultados superaram as expectativas do mercado, que projetavam 5,6% e 4,2%, respectivamente.

Por outro lado, os preços de imóveis novos caíram 4,6% em março – o 21º mês seguido de queda, embora no ritmo mais lento desde junho de 2023.