Política monetária

BCE reduz juros e reacende expectativas sobre investimentos em países emergentes

Para o Brasil, o corte de juros na Europa significa uma oportunidade, mas depende da construção de uma base sólida e confiável

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- Karolina Grabowska/Pexels
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O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, nesta quinta-feira (17), um novo corte em suas principais taxas de juros, movimento amplamente antecipado pelos analistas de mercado.

  • A taxa de depósito foi reduzida em 0,25 ponto percentual, de 2,50% para 2,25%.
  • A taxa de refinanciamento caiu de 2,65% para 2,40%.
  • A taxa de empréstimo recuou de 2,90% para 2,65%.

Quais são os impactos da decisão sobre os juros do BCE?

A redução das taxas na zona do euro pode ter reflexos importantes sobre o fluxo de capitais para países emergentes, como o Brasil.

Em geral, quando os juros estão elevados em economias desenvolvidas, os investidores tendem a priorizar esses mercados por conta da maior segurança e dos rendimentos atrativos em ativos de renda fixa.

Contudo, com a queda das taxas em regiões como a Europa, cresce a busca por mercados que ofereçam rentabilidades superiores, ainda que com maior risco.

Dessa forma, economias emergentes voltam a figurar no radar dos investidores globais.

Brasil segue caminho oposto

Enquanto o BCE corta os juros, o Banco Central brasileiro mantém uma postura mais rígida.

A taxa Selic está em 14,25% ao ano, após sucessivos aumentos, com indicações de que novos ajustes para cima ainda podem ocorrer.

Apesar disso, especialistas alertam que, para atrair de fato o capital estrangeiro, o Brasil precisa avançar em sua agenda fiscal.

A influência dos Estados Unidos sobre os juros do BCE

Além da Europa, os Estados Unidos também influenciam diretamente o movimento de capitais globais. Inicialmente, o país seguia o mesmo caminho de redução dos juros, após uma sequência de altas históricas.

No entanto, a atual guerra comercial e o pacote tarifário promovido pelo presidente Donald Trump mudaram o cenário.

O Federal Reserve (FED), Banco Central americano, decidiu manter os juros estáveis nas últimas duas reuniões.

Durante discurso em Chicago, na quarta-feira (16), o presidente do FED, Jerome Powell, afirmou que a política comercial em vigor pode comprometer os objetivos econômicos do país. Em outras palavras, espera-se inflação mais alta, o que pode forçar o banco central a elevar os juros futuramente.

Trump, por sua vez, criticou duramente a atuação de Powell.

Espera-se que o BCE (Banco Central Europeu) corte os juros pela sétima vez e, mesmo assim, Jerome Powell, do Fed, que está sempre atrasado e errado, divulgou ontem uma declaração que foi uma completa bagunça”, escreveu o presidente em sua rede social, a Truth Social.

Trump também afirmou que “a demissão de Powell não poderia vir rápido o suficiente” e cobrou que o FED siga o exemplo europeu e reduza suas taxas de juros.

Expectativas futuras

A decisão do BCE sinaliza um cenário global mais flexível em relação à política monetária, apesar das tensões geopolíticas e comerciais.

Ainda assim, a incerteza sobre os rumos da economia dos EUA e a necessidade de ajustes fiscais no Brasil mantêm o ambiente de cautela entre os investidores.

Para o Brasil, o corte de juros na Europa significa uma oportunidade, mas depende da construção de uma base sólida e confiável para que o país volte a figurar como opção viável no cenário global de investimentos.