
Os cotistas do fundo imobiliário (FII) REC Renda Imobiliária (RECT11) iniciaram uma campanha, via website, para mudar a forma como as taxas de administração e consultoria são calculadas. Hoje, essas taxas são baseadas no Valor Patrimonial (VP) das cotas. A proposta é que passem a ser baseadas no Valor de Mercado (VM) — que está bem mais baixo atualmente.
Dessa forma, os cotistas acreditam que pode acontecer:
- Redução de custos: A mudança pode cortar cerca de 65% dos custos operacionais, liberando mais dinheiro para os rendimentos dos cotistas.
- Aumento dos rendimentos: Isso pode significar até R$ 0,05 a mais por cota por mês.
- Valorização do fundo: Os cotistas acreditam que uma gestão mais alinhada com os seus interesses, o fundo pode atrair mais investidores e aumentar seu valor de mercado.
Um dos organizadores da campanha, Frederico Arnoldi, em conversa à SpaceMoney, afirma que o RECT11 tem a gestão mais cara (2,4x acima da média) e que os custos operacionais acabam sendo equivalente a quase 30% do valor distribuído aos cotistas.
“Entendemos que essa mudança alinha os objetivos de cotistas e gestora, assim como reduz o custo operacional para algo mais próximo do padrão de mercado”, destaca o cotista.
A proposta
A principal justificativa para a mudança está no potencial de redução de custos operacionais em até 65%, o que liberaria cerca de R$ 480 mil por mês — valor que poderia ser convertido em até R$ 0,05 a mais por cota, o que significaria um aumento de 10% a 17% nos rendimentos mensais distribuídos aos cotistas.
“Hoje, o fundo está sendo negociado com um desconto de mais de 60% sobre o seu valor patrimonial. Isso revela um desalinhamento grave: enquanto a gestora continua bem remunerada, os cotistas veem suas cotas se desvalorizarem”, argumenta o grupo.
Alinhamento com boas práticas de mercado
Os cotistas argumentam que mais de 60% dos fundos de lajes corporativas do IFIX já utilizam o VM como base de cálculo das taxas de gestão, citando exemplos como KORE11, HGRE11 e VINO11.
A proposta também se ancora em práticas comuns do mundo corporativo: remuneração variável atrelada ao desempenho, como forma de incentivar resultados consistentes e alinhamento com os investidores.
A campanha reforça que não busca a troca da gestora neste momento, mas sim um “ajuste fino e necessário” para recolocar o RECT11 nos trilhos.
A expectativa é que a mudança traga uma espiral positiva: com maior distribuição, valorização da cota, fortalecimento da gestão e melhora nas negociações com inquilinos e credores.
“Estamos do lado da REC e acreditamos na sua capacidade. Mas chegou a hora de evoluir e alinhar a gestão com o interesse de quem realmente financia o fundo: os cotistas”, concluem os cotistas.
Cenário atual do RECT11
O RECT11 enfrenta desafios, como uma taxa de vacância alta e a devolução de imóveis por parte de inquilinos, como a Tata Consultancy Services.
Apesar disso, a gestora tem firmado novos contratos de locação, como o recente acordo de 5 anos com a Partner One BPO, que reduziu a vacância para 7,30%.
Porém, na segunda-feira, 14 de abril, a empresa ELOPAR Participações decidiu rescindir antecipadamente o contrato de locação de dois conjuntos no condomínio Evolution Corporate, em Alphaville, onde ocupa cerca de 9.660 m².
Com isso, a vacância do fundo RECT11 pode subir para quase 11%, um aumento de 0,96%.
Segundo a gestora, a distribuição de dividendos não será afetada.