
O mercado futuro pode soar como um conceito distante da realidade da maioria dos brasileiros, mas ele está mais presente no dia a dia do que se imagina — e cumpre um papel estratégico tanto para empresas que querem proteger seus custos quanto para investidores em busca de lucro com as oscilações de preços.
O que é o mercado futuro?
Trata-se de um tipo de contrato negociado na bolsa de valores em que duas partes se comprometem a comprar ou vender um ativo (como ETFs, dólar, café, soja, petróleo ou ações) a um preço determinado hoje, com liquidação em uma data futura.
Esses contratos são padronizados e negociados principalmente na B3, a bolsa brasileira, e podem envolver commodities, moedas, taxas de juros e até índices.
Para que serve: proteção contra riscos (hedge)
Empresas que lidam com insumos ou receitas muito sensíveis à variação de preços usam esse mercado como instrumento de proteção, ou seja, para fazer hedge.
Por exemplo:
- Uma companhia aérea pode comprar contratos futuros de petróleo ou querosene de aviação para garantir o preço do combustível meses à frente, evitando prejuízos caso o barril dispare.
- Um exportador de soja pode travar o dólar a um valor que considera vantajoso, garantindo previsibilidade nas receitas mesmo se a moeda americana cair.
Dessa forma, esse mecanismo desponta como essencial para setores expostos à volatilidade, como o agronegócio, energia, mineração e aviação.
E para quem quer lucrar: especulação
O mercado futuro também é usado por investidores que buscam lucro com a variação de preços, mesmo sem intenção de comprar ou vender fisicamente os ativos. São os chamados especuladores.
Esses participantes apostam na direção dos preços: se acharem que o dólar vai subir, compram contratos futuros da moeda.
Se o valor subir mesmo, eles ganham com a diferença. Se errarem, perdem.
Esse grupo ajuda a dar liquidez ao mercado, pois movimenta os contratos e facilita que empresas consigam fechar suas posições de proteção.
Exemplo prático
Imagine que hoje o café esteja cotado a R$ 1.000 a saca. Um produtor acredita que esse preço pode cair em três meses, então vende contratos futuros agora por esse valor.
Se, no futuro, o preço realmente cair para R$ 900, ele já terá garantido a venda pelo valor maior e evitou prejuízo.
Ao mesmo tempo, um investidor que acreditava na alta pode ter comprado esse contrato e, se o preço tivesse subido, ele lucraria com a valorização.
Por que isso importa?
O mercado futuro permite que empresas se protejam da volatilidade e se planejem com mais segurança, além de criar oportunidades de investimento e especulação para quem estuda e entende os movimentos do mercado.
No fim das contas, é uma ferramenta essencial da economia, que ajuda a manter estabilidade para uns e chances de lucro para outros.