
O Santander (SANB11) divulga seus resultados financeiros referentes ao 1° trimestre de 2025 no próximo dia 30 de abril e a Genial Investimentos já adianta que o banco não deve apresentar um balanço surpreendente.
Isso porque, a projeção da casa aponta para um lucro líquido de R$ 3,80 bilhões, praticamente estável em relação ao quarto trimestre de 2024 (-1,4%), mas ainda com uma expressiva alta de 25,8% na comparação anual.
O ROE (Retorno sobre Patrimônio) deve recuar discretamente em -0,29 ponto percentual, interrompendo a sequência positiva iniciada em 2023.
Diante disso, a Genial Investimentos mantém sua recomendação de ‘COMPRAR’, com preço-alvo de R$ 31,80 — um upside de 17,5%.
Por que essa leve desaceleração?
Segundo a Genal, o 1º trimestre do ano costuma ser mais fraco, com menos dias úteis e menor atividade econômica. Mas não é só isso. Dois fatores pesam contra a performance do Santander neste período:
- Nova regra do Banco Central: A Resolução nº 4.966 exige que os bancos provisionem com base no modelo de perdas esperadas. Resultado? Aumentam as provisões para calotes e, com isso, os lucros sofrem.
- Selic em alta: A taxa de juros elevada pressiona a tesouraria do banco, afetando negativamente o chamado NII Mercado (Receita Líquida de Juros com operações de mercado).
Apesar disso, a Genial aposta que o ROE deve se manter relativamente firme, graças a uma “mágica” técnica: a própria Resolução 4.966 diminui a base de capital regulatório em R$ 2,5 bilhões.
Com um denominador menor na fórmula, a rentabilidade se sustenta — embora sem mudança estrutural no desempenho do banco.
2024 foi um show, 2025 deve ser mais comedido
O ano passado marcou a virada do Santander: crescimento forte da receita, controle de custos, ROE saltando de 11,6% (2023) para 15,7%.
A Genial ficou mais otimista com a tese de recuperação da rentabilidade.
Mas o ritmo agora será mais lento. A inflação persistente deve afetar o bolso das famílias, o que pode elevar a inadimplência no crédito para pessoa física.
A Selic ainda alta continua pressionando o NII Mercado. Com esse pano de fundo, a estratégia do banco será mais cautelosa.
O que esperar do Santander no 1T25?
- Carteira de crédito: crescimento modesto de +1,2% t/t e +4,4% a/a, totalizando R$ 692 bilhões. A valorização do real deve frear o segmento de grandes empresas e a sazonalidade pesa sobre o crédito para pessoa física.
- Receita líquida de juros (NII): R$ 16,0 bilhões (+0,1% t/t e +8,1% a/a), com destaque positivo para o NII Clientes (R$ 15,8 bi, +1,5% t/t), impulsionado por spreads maiores. O NII Mercado, por sua vez, deve registrar resultado negativo de R$ 20 milhões.
- Receitas com tarifas: devem cair -4,6% t/t por causa da sazonalidade nos segmentos de cartões, seguros e mercado de capitais, mas avançam +7,7% a/a.
- Provisões (PDD): devem crescer +5,5% t/t, totalizando R$ 6,3 bilhões, com leve alta na inadimplência.
- Despesas administrativas: recuam -3,9% t/t (sazonalidade) e sobem +4,0% a/a — abaixo da inflação.
- Carga tributária: a alíquota efetiva deve ficar em 18,2%, puxada para baixo pelo pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio (JCP).
E o futuro? ROE segue firme, mas sem aceleração explosiva
A Genial projeta um lucro líquido de R$ 15,6 bilhões para 2025 (+12,8% a/a) e um ROE de 16,8%, ainda atrativo, mas com menor aceleração frente a 2024. O banco continuará priorizando qualidade e rentabilidade, com foco em produtos de menor risco.
Mesmo com o cenário desafiador, o Santander segue como uma aposta atrativa na visão da Genial. O banco está sendo negociado a 6,5x o lucro estimado para 2025, abaixo de seu histórico, o que configura um bom ponto de entrada para investidores de longo prazo.