
Na sessão anterior…
Na última segunda-feira (28), o dólar comercial (compra) fechou em queda de 0,69%, cotado a R$ 5,647.
O que influencia o dólar?
A expectativa em torno de dados econômicos nos Estados Unidos e no Brasil, que podem afetar diretamente as apostas sobre a trajetória dos juros, são a principal força de curto prazo no câmbio.
Nos EUA, indicadores fortes podem reforçar a visão de manutenção ou alta de juros, o que tende a fortalecer o dólar globalmente, já que atrai capital estrangeiro.
No Brasil, sinais de fragilidade fiscal ou inflação desancorada podem enfraquecer o real e pressionar o câmbio.
Nesta terça-feira (29), o mercado fica atento aos dados do IGP-M no Brasil e relatório JOLTS nos EUA.
Tarifas de Trump
As falas do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sobre negociações comerciais com até 18 países — com exceção da China, que ainda não está envolvida — mostram que o câmbio também reage a fatores geopolíticos.
A ausência de diálogo com a China mantém o ambiente de incerteza, e esse cenário normalmente valoriza o dólar como ativo de segurança.
Saúde fiscal no Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), alertou para a necessidade de alinhamento entre os poderes para conter gastos sem fonte de financiamento — uma fala que indica preocupação fiscal.
Já o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, mostrou confiança em levar a inflação à meta, mas reconheceu que as expectativas continuam desancoradas.
Isso sinaliza possível cautela na condução monetária, o que também influencia o real via diferencial de juros.
Brasil
Nesta terça-feira (29), o mercado financeiro local observa o índice geral de preços – mercado (IGP-M), a ser divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Nos eventos econômicos, investidores monitoram a coletiva de Gabriel Galípolo e Diogo Guillen, dirigentes do Banco Central (BC), às 11:00, para comentar o relatório de estabilidade financeira.
Juros apertados por mais tempo
No Safra Day, na última segunda-feira (28), Gabriel Galípolo, presidente do BC, surpreendeu o mercado ao adotar um tom hawkish, afirmando que o ciclo de aperto da taxa Selic ainda não terminou, o que puxou os juros de curto prazo.
A valorização do real, com o dólar abaixo de R$ 5,65, limitou o avanço das taxas futuras, refletindo a fraqueza dos ativos americanos em meio à descrita “greve de compradores estrangeiros”, segundo o Deutsche Bank.
George Saravelos, estrategista do banco, analisou os fluxos internacionais e apontou uma “parada brusca” no investimento em ações e títulos dos EUA nos últimos dois meses.
Os dados sugerem desaceleração acentuada ou até desinvestimento contínuo, sem sinais de recuperação mesmo nos melhores dias recentes.
Diante desse cenário, Saravelos revisou para baixo suas projeções, prevendo o dólar a US$ 1,30 por euro e 115 ienes até 2027, em meio a uma crise que deve persistir.
Fritura do Lupi
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, irá hoje à Câmara falar sobre a operação da Policia Federal (PF) e da Controladoria Geral da União (CGU) que investiga fraudes no INSS.
No Planalto, há incômodo com sua postura e a percepção de que ele deveria pedir demissão, segundo apuração do Valor Econômico.
No entanto, fontes ouvidas pelo veículo dizem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pretende demiti-lo por ora, pois o inquérito da PF não o menciona diretamente no esquema de corrupção.
EUA
Nesta terça-feira (29), o mercado norte-americano observa os números do relatório Jolts de março,
Além disso, será monitorado a confiança do consumidor em abril.
A luta de braço entre Trump e China
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, espera que a China tome a iniciativa de negociação sobre taxas comerciais, enquanto Xi Jinping ganha apoio interno para resistir, inclusive de críticos que defendem uma postura firme.
Segundo a Bloomberg, os ataques de Trump à China alimentam o nacionalismo e fortalecem Xi, como mostra o caso de James Zhang, exportador que rejeita concessões aos EUA.
A princípio, o temor chinês é que qualquer gesto de recuo apenas encoraje Trump a endurecer ainda mais.
As ações do ex-presidente fortalecem Xi, que conta com respaldo popular frente ao que muitos consideram um ataque econômico sem precedentes.
Gigantes da internet como Alibaba, JD.com e PDD Holdings lançaram medidas de apoio aos exportadores, reduzindo custos e promovendo os produtos no exterior.
Ainda assim, paira a incerteza sobre quanto tempo esse sentimento patriótico resistirá, principalmente quando os impactos econômicos se agravarem.
Nesse sentido, a Bloomberg Economics estima que as tarifas atuais podem cortar mais de 80% das exportações da China para os EUA, com perda de dois pontos no PIB caso não surjam novos mercados.
Alívio de tarifas
O governo dos EUA anunciará nesta terça-feira (29) medidas para aliviar o impacto das tarifas sobre a indústria automobilística, informou o secretário de Comércio, Howard Lutnick.
Washington deve flexibilizar impostos sobre carros e autopeças importados. Segundo o Wall Street Journal, empresas que já pagam tarifas de 25% sobre veículos estrangeiros ficarão isentas de encargos adicionais, como os cobrados sobre aço e alumínio.
A medida terá efeito retroativo e montadoras serão reembolsadas pelos valores pagos a mais.
Assim, a decisão ocorre às vésperas da visita de Trump a Michigan, no marco dos 100 dias de seu segundo mandato.