A Petrobras (PETR3)(PETR4) se destaca por ser a maior empresa brasileira e a de maior peso na bolsa brasileira. Entretanto, a companhia possui uma característica diferenciada: a União atua como seu principal acionista, e isso faz dela uma organização de capital misto. O fator implica em uma série de pressões externas na administração e nos projetos da petroleira.
Por conta disso, boa parte dos agentes do mercado financeiro se posicionam favoráveis à privatização da Petrobras, de maneira que as ingerências externas cessem ou diminuam, como se viu, recentemente, na questão de distribuição de dividendos da companhia.
Fábio Murad, sócio da Ipê Investimentos, afirma que a desestatização da petroleira seria interessante por diversos motivos.
“Primeiramente, a privatização poderia reduzir a interferência política na gestão da empresa, permitir uma administração mais eficiente e focada em resultados financeiros e operacionais. Além disso, a privatização poderia atrair investimentos privados para modernizar e expandir as operações da Petrobras, tornando-a mais competitiva no mercado global de energia”, diz.
“Para a população brasileira, a privatização da Petrobras poderia trazer benefícios como maior eficiência na prestação de serviços, redução de custos e preços mais competitivos dos produtos derivados de petróleo”, destaca. “No entanto, importante garantir que a privatização não resulte em monopólios privados que explorem os consumidores”, pondera.
Murad acrescenta que, do lado dos investidores, a desestatização poderia influenciar os investidores de forma positiva, pois aumentaria a confiança no potencial de lucro da empresa para atrair investimentos estrangeiros, o que teria reflexos imediatos nas ações.
Há ingerência política?
Murad afirma que a Petrobras tem sofrido ingerência política ao longo dos anos, principalmente devido à sua condição de empresa estatal. Isso se manifesta através de indicações políticas para cargos de liderança, interferência nas políticas de preços dos combustíveis e direcionamento de investimentos de acordo com interesses políticos de curto prazo.
“Fazendo uma correlação com a Eletrobras (ELET3)(ELET6), que reportou lucro recentemente, a Petrobras poderia seguir o mesmo caminho de privatização, especialmente se houver indícios de que a gestão privada poderia melhorar sua performance financeira e operacional”, frisa.
No entanto, elenca que cada empresa tem suas peculiaridades e diz ser necessário analisar cuidadosamente os impactos da privatização em cada caso.
“Em minha visão, a privatização de uma companhia pode salvar a empresa se for bem planejada e executada. A gestão privada geralmente é mais eficiente e tende a trazer inovação, investimentos e melhorias na governança corporativa, que são essenciais para a recuperação de empresas em dificuldades”, aponta.
A Petrobras e os dividendos
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, revelou em uma publicação em rede social que recebeu a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para reter a distribuição de dividendos extraordinários da estatal.
O CEO declarou ser “legítimo que o conselho de administração se posicione orientado pelo presidente da República e seus principais assessores, que são os ministros. Foi exatamente o que aconteceu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários”.
Levantamento da imprensa segmentada destaca que Lula interveio em um conflito entre o presidente da petroleira e o conselho de administração e determinou a retenção dos dividendos durante uma reunião no Palácio do Planalto, na qual estiveram presentes os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Privatização da Eletrobras
A privatização da Eletrobras (ELET3)(ELET6) ocorreu em junho de 2022 e levantou, na ocasião, R$ 100 bilhões. O trâmite de desestatização fez reduzir a participação da União de 65% para 42%. Com essa operação, o governo deixou de ser o acionista majoritário.
Na manhã desta quinta-feira (14), a companhia divulgou um lucro líquido de R$ 893,0 milhões no quarto trimestre de 2023 (4T23), um crescimento significativo em comparação ao prejuízo de R$ 479,0 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.
Durante o ano de 2023, o lucro acumulado da empresa cresceu 21,00%, a R$ 4,30 bilhões, em comparação com os R$ 3,60 bilhões registrados em 2022.
A receita operacional líquida ajustada também apresentou um aumento notável, a R$ 9,9 bilhões, um incremento de 10% em relação aos R$ 9 bilhões do mesmo intervalo de 2022.
No acumulado de 2023, esse indicador registrou um crescimento de 9,0%, a R$ 37,10 bilhões.
O EBITDA regulatório recorrente atingiu R$ 5,6 bilhões, impulsionado pelo aumento das receitas de transmissão e pela redução das despesas operacionais.
As informações são de Gueratto Press.