sábado, 20 de abril de 2024
Economia ecológica

Brasil tem a 1ª graduação em economia ecológica do mundo

10 julho 2020 - 16h11Por Carolina Unzelte

Enquanto o Brasil é questionado internacionalmente por suas políticas ambientais 一 e perde negócios 一, a Universidade Federal do Ceará tem o 1º curso de graduação em economia ecológica. O pioneirismo do bacharelado, que teve a primeira turma em 2015, é reconhecido pela Sociedade Internacional de Economia Ecológica. 

A área, que transita entre economia e ciências naturais, propõe-se a encontrar interações sustentáveis entre meio ambiente e sistemas de produção e consumo. "A economia não está acima de tudo e todos", diz Francisco Casimiro, coordenador do curso da UFC. "O modelo da economia ecológica é pensar primeiro na natureza, depois na sociedade e, então, na economia". 

É um objetivo diferente da economia ambiental, que visa minimizar o impacto das atividades econômicas no ecossistema. "Propomos a ruptura com o que fazemos hoje", afirma o professor Francisco Casimiro. "É o sistema societário que deve se adaptar ao sistema ecológico, e não o contrário". 

Economia ecológica na prática

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente afirmou, em relatório, que a pandemia de coronavírus foi causada pela degradação ambiental, com a possibilidade de transmissão de patógenos à animais. "A crise ambiental e social precede o surto que estamos vivendo", afirma Casimiro. "A situação de agora apenas expõe os problemas". 

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Resolver essas questões pode parecer difícil a nível da economia mundial, mas a economia ecológica já tem experiências de sucesso. "Comunidades trabalham com agroecologia, por exemplo, pensando na segurança alimentar antes das necessidades do capital", exemplifica Francisco Casimiro. 

É também do Ceará que vem outro exemplo de economia solidária, com o bairro Conjunto das Palmeiras, em Fortaleza. "Os moradores têm a sua própria moeda e uma dinâmica diferenciada", explica o professor. 

O Banco das Palmas emite a moeda, reconhecida pelo Banco Central, para incentivar a compra e venda de comércios locais. A instituição também tem linhas de crédito especiais para os mais de 30 mil moradores do bairro, com taxas mais baixas. 

"A economia ecológica dá esse olhar que é capaz de resolver problemas locais", diz Casimiro. "E mostra que é possível mudar, ampliando aos poucos a transição para um novo sistema sustentável".