Que o modelo presencial de trabalho está cada vez mais ficando no passado, isso não é novidade, mas a forma como essa nova realidade tem moldado o ambiente corporativo, chama a atenção. A flexibilidade para trabalhar de casa se tornou uma estratégia essencial para muitas empresas, trazendo ganhos tanto para os funcionários quanto para as organizações.
De acordo com o Bureau of Labor Statistics, em agosto de 2024, 22,8% dos trabalhadores relataram ter trabalhado remotamente em algum momento, um aumento considerável em comparação aos 19,5% no mesmo mês de 2023. A proporção de profissionais que adotaram o home office parcial subiu de 9,2% para 11,7%, enquanto aqueles que trabalham 100% de casa também aumentaram, passando de 10,3% para 11,1%.
Esse crescimento do trabalho remoto ocorre mesmo em um cenário de enfraquecimento do mercado de trabalho em alguns países, evidenciando que as empresas estão ajustando suas estratégias para se adaptar a essa nova realidade.
Para Ravin Jesuthasan, sócio da consultoria de recursos humanos Mercer, o que estamos testemunhando é uma evolução lógica no ambiente corporativo. “As empresas estão encontrando um equilíbrio entre suas necessidades e as demandas dos trabalhadores. A flexibilização no escritório reflete um entendimento maior sobre quando a colaboração presencial é realmente necessária”, afirma Jesuthasan.
No entanto, nem todas as empresas seguem essa tendência. Um levantamento do Conference Board, em junho, apontou que 45% dos profissionais de recursos humanos em empresas que exigem trabalho presencial têm enfrentado dificuldades para reter talentos. Mesmo assim, algumas gigantes globais estão decidindo retomar o modelo de trabalho totalmente presencial.
Um exemplo é a Amazon, que, após experimentar o trabalho híbrido e totalmente remoto desde a pandemia, passou a exigir que seus funcionários estejam no escritório cinco dias por semana.
Segundo o CEO, Andy Jassy, o retorno ao modelo anterior à pandemia ajudará a melhorar a colaboração, a inovação e o senso de conexão entre os trabalhadores.
Essa mudança gerou tensões entre os funcionários, que há muito usufruíam da flexibilidade. A Amazon, que emprega mais de 1,5 milhão de pessoas globalmente, se junta a outras grandes empresas como UPS, Boeing, J.P. Morgan, Goldman Sachs, Google, Tesla, X (antigo Twitter) e Disney, que já aboliram o home office.
Por outro lado, o Nubank, uma das maiores fintechs da América Latina, decidiu manter sua política de home office, contrariando a tendência de retorno ao trabalho presencial em grandes empresas.
O banco exige presença física no escritório apenas uma semana por trimestre, seguindo com um ambiente de trabalho flexível.
Segundo a CEO no Brasil, Livia Chanes, essa abordagem visa fortalecer o senso de pertencimento e promover dinâmicas mais pessoais entre as equipes.
Ela afirma que o modelo híbrido oferece um equilíbrio adequado, proporcionando autonomia aos colaboradores. Para profissionais envolvidos em tecnologia e inovação, que exercem atividades criativas, a autonomia adicional contribui para um melhor equilíbrio, ajudando a reter talentos e a melhorar o desempenho.