
Aos 95 anos, a icônica atriz brasileira Fernanda Montenegro sugeriu que “Vitória”, seu novo filme dirigido por Andrucha Waddington, pode ser um de seus últimos trabalhos no cinema.
Em entrevista ao Canal Brasil, durante a pré-estreia do longa no Rio de Janeiro, Fernanda falou sobre sua carreira e a satisfação de ter seus últimos trabalhos realizados por membros de sua família.
“É muito interessante, porque quis o acaso — e o acaso tem sempre a última palavra, como diz Simone de Beauvoir — que o último drama que eu faço é com meu genro, e que a última comédia que eu faço é com meu filho”, declarou a atriz. “E isso hoje, [enquanto] estamos aqui no Rio com a Nanda consagrada internacionalmente. É uma honra imensa. Nessa altura com quase cem anos que eu tenho… já tá bom.”
A referência é ao drama “Vitória”, dirigido por Andrucha Waddington, marido de sua filha Fernanda Torres, e à comédia “Velhos Bandidos”, que gravou em 2023 e foi dirigida por seu filho, Cláudio Torres.
“Vitória” já está em cartaz, enquanto “Velhos Bandidos” ainda não tem previsão de estreia.
Dedicação a leituras dramáticas
Durante a pré-estreia de “Vitória” no Theatro Municipal de São Paulo, Fernanda Montenegro reafirmou que pretende se dedicar às leituras dramáticas, como tem feito nos últimos anos.
“O acaso nos reuniu aqui nesse palco onde eu já estive algumas vezes. Eu posso dizer o quê? Deus tarda, mas não falha”, declarou a atriz.
Ela enfatizou que, apesar de seguir atuando nas leituras, o cinema exige um físico e fôlego que, em sua idade, se tornam desafios.
“Na idade em que eu estou, posso até continuar fazendo minhas leituras em palcos, como já estou fazendo há bastante tempo. Mas cinema pede físico, pede fôlego. É um momento muito especial, neste palco aqui, agora. Muito obrigada.”
Sobre “Vitória”
O filme conta uma história inspirada na vida de Joana Zeferino da Paz, uma mulher que, aos 80 anos, ajudou a denunciar o tráfico e a corrupção policial na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, em 2004.
Ela filmou as movimentações criminosas do morro da janela de seu apartamento e repassou as imagens ao jornalista Fábio Gusmão, do jornal Extra.
Com a exposição do material, Joana entrou para o programa de proteção a testemunhas e precisou mudar de identidade. Sua história só se tornou pública após sua morte, aos 97 anos, em fevereiro de 2023.