Economia

Alckmin critica tarifas dos EUA e defende negociação comercial

Vice-presidente reforçou a importância do comércio com os EUA

Sobre o Apoio

Ipê Investimentos Investimentos Acessar site
Geraldo Alckmin | Foto/Cadu Gomes - VPR
Geraldo Alckmin | Foto/Cadu Gomes - VPR

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta segunda-feira (24) que o Brasil seguirá negociando com os Estados Unidos para tentar reverter as tarifas impostas sobre as importações de aço e alumínio.

Segundo ele, o Brasil não representa um problema para os norte-americanos, já que os EUA têm superávit na balança comercial com o país.

“A relação do Brasil com os EUA tem 200 anos, é uma relação secular. E o Brasil não é problema para os EUA. Os EUA têm superávit na balança comercial com o Brasil, tanto no setor de serviços quanto no setor de bens. Os EUA têm déficit com o mundo, mas superávit com o Brasil”, destacou Alckmin durante um seminário promovido pelo jornal Valor Econômico, em São Paulo.

As tarifas, que entraram em vigor no último dia 12, impõem um imposto de 25% sobre as importações de aço e alumínio.

A medida, embora não tenha como principal alvo o Brasil, impacta diretamente o setor siderúrgico nacional, já que o país é o segundo maior fornecedor desses materiais para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.

Alckmin ressaltou que a melhor solução para a questão seria uma abordagem diplomática e comercial mais ampla, que beneficie ambos os lados.

“Nós deveríamos aproveitar novas oportunidades para fazer um adensamento de cadeia, uma complementaridade econômica. No caso do aço e do alumínio, os EUA aumentaram para 25% não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro”, explicou.

Economia brasileira

Embora as tarifas sejam parte de uma estratégia comercial mais ampla dos EUA contra a China, Alckmin reconheceu que o Brasil será afetado. Caso as exportações para os Estados Unidos diminuam, o país terá que buscar outros mercados para evitar impactos na produção e no emprego.

Além disso, as restrições podem levar a uma redução da entrada de dólares no Brasil, pressionando o câmbio e resultando na desvalorização do real frente à moeda norte-americana.

“Os EUA são importantes para o Brasil porque é para quem a gente vende mais produtos de valor agregado. Nosso empenho é avançar nas negociações”, reforçou o vice-presidente.

Brasil entre EUA e China

Questionado sobre a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e a possibilidade de o Brasil estreitar relações com os chineses em resposta às tarifas de Trump, Alckmin manteve um tom diplomático.

“Os EUA e a China são grandes parceiros do Brasil. A China é o maior comprador do Brasil e os EUA são os maiores investidores no Brasil”, afirmou.

“A nossa disposição é defender o multilateralismo e o livre comércio. Vamos aguardar o dia 2 de abril, quando os EUA devem anunciar novas medidas.”

Selic elevada preocupa governo

Durante o evento, Alckmin também comentou a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que elevou a taxa básica de juros (Selic) para 14,25% ao ano, o maior patamar em uma década.

Segundo ele, os juros elevados dificultam a atividade econômica e encarecem o crédito para empresas e consumidores.

“É claro que a Selic a 14,25% atrapalha a economia porque torna muito caro o custo de capital”, criticou o vice-presidente.

No entanto, Alckmin reconheceu a necessidade de conter a inflação. “A redução da inflação é essencial. A inflação não é neutra. Ela atinge muito mais o assalariado, que vê o seu salário perder poder aquisitivo”, concluiu.

Com informações de Metrópoles.