Reprovação recorde

Após anunciar corte de gastos, governo Lula é reprovado por 90% do mercado financeiro, aponta Quaest

Apenas 3% consideram o governo positivo (queda de 6% em março), enquanto 7% o classificam como regular (eram 30%)

Rui Costa, Lula e Haddad
Rui Costa, Lula e Haddad | Foto/Marcelo Camargo - Agência Brasil

A avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é reprovado por 90% dos agentes do mercado financeiro, segundo uma pesquisa da Quaest, divulgada nesta quarta-feira (4).

Esse índice representa uma alta de 26 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em março de 2024, e é o maior já registrado na série histórica iniciada em 2023.

Apenas 3% consideram o governo positivo (queda de 6% em março), enquanto 7% o classificam como regular (eram 30%).

Esse levantamento, que foi encomendado pela Genial Investimentos, entrevistou 105 gestores, economistas e analistas do mercado financeiro entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A margem de erro não foi divulgada, mas na pesquisa anterior era de 3,4 pontos percentuais.

Segundo Felipe Nunes, diretor da Quaest, o aumento na reprovação reflete a insatisfação com o recente pacote fiscal anunciado pelo governo, que inclui cortes de gastos e mudanças tributárias.

Destaques da pesquisa

  • 86% dos entrevistados acreditam que Lula prioriza sua popularidade em detrimento do equilíbrio das contas públicas (29%).
  • A percepção sobre o Congresso também piorou, com 41% avaliando negativamente sua atuação (eram 17% em novembro de 2023).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ainda tem apoio de parte do mercado, com 41% avaliando seu desempenho como positivo, embora tenha caído em relação aos 50% registrados em março. Outros 24% o consideram negativo, enquanto 35% avaliam como regular.

A pesquisa também mostra ceticismo em relação às políticas fiscais:

  • 58% consideram o pacote fiscal “nada satisfatório”, enquanto 42% o classificam como “pouco satisfatório”.
  • 67% afirmaram que vão aumentar os investimentos no exterior após o anúncio do pacote fiscal.

Sobre o novo arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos, 58% o consideram sem credibilidade, e a maioria acredita que não será sustentável no longo prazo.

Além disso, a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, anunciada no pacote fiscal, foi vista como prejudicial para a economia por 85% dos entrevistados.

Já a revogação da “morte ficta” – pensão paga a famílias de militares expulsos – foi bem avaliada, com 99% acreditando que ajudará a economia brasileira.