O Banco Central (BC) segue os estudas para os possíveis impactos do novo crédito consignado privado para trabalhadores com carteira assinada (CLT) na economia brasileira. De acordo com o diretor de Política Monetária da autarquia, Nilton David, ainda não há uma conclusão definitiva sobre os efeitos da medida.
David afirmou que o programa pode proporcionar um leve aumento na renda disponível, reduzindo os custos do financiamento, em evento online promovido pelo Itaú nesta segunda-feira (31). No entanto, ele destacou que isso não necessariamente resultaria em um crescimento do consumo.
Impactos na economia brasileira
Porém, o novo programa de consignado poderia gerar alta do endividamento, com ganho de renda pontual da população brasileira.
Além disso, David afirmou que o consignado ainda pode impactar a taxa básica de juros Selic, pois geraria redução de custo de dívidas dos brasileiros e estimularia o consumo. Porém, o diretor de Política Monetária da autarquia afirmou que não dá para prever qual o objetivo dos CLTs com o consignado.
“O usuário [interessado no consignado privado] está interessado em trocar de crédito ou incrementar a renda? Não sabemos”, argumentou. “Outra alternativa seria o extremo oposto: de gerar endividamento novo, associado a comprometimento da renda. Mas não temos conclusão por enquanto”.
Para ele, o aumento de crédito disponível no Brasil pode revelar sinais de enfraquecimento da economia. David afirma que a busca por títulos de crédito incentivado e isentos de Imposto de Renda levou a taxa neutra de juros a mudar de valor.
“Houve excesso de demanda por crédito, foi ali um impulso além do normal. Soma-se a isso outros fatores que foram nessa direção, como o próprio consignado, que vai na direção de redução de custo, temos maior sensibilidade de política monetária”, afirmou.
Dessa forma, ele prevê que “daqui a quatro a cinco meses a inflação não deve arrefecer, enquanto vamos esperar as expectativas dos agentes”.
Dados no Relatório de Política Monetária
Esses números não são concretos, pois o Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado pelo BC na última quinta-feira (27) não considerou a nova modalidade de consignado privado.
“O RPM que a gente publicou não tem nenhum impacto do consignado ainda, mesmo porque a gente ainda está tentando entender, e aqui não é simplesmente o comportamento do tomador, também deveria levar em consideração do doador do crédito, se ele está mais interessado em trocar ou em incrementar”, explicou David.
Como funciona o crédito consignado?
A nova modalidade de crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada (CLT) oferece taxas de 2,5% e 3% ao mês, abaixo do cobrado em outras modalidades. Para contratar o consignado privado, o trabalhador deve acessar a Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital), seja pelo site ou pelo aplicativo.
No sistema, é necessário autorizar o compartilhamento dos dados do eSocial, plataforma que unifica informações trabalhistas. Após a autorização, as ofertas de crédito serão enviadas em até 24 horas pelas instituições financeiras interessada.