Economia

Banco Central: autonomia conquistada pode ser perdida?

Economistas acreditam que popularidade do presidente Lula pode impactar troca de diretor e futuras decisões sobre a taxa Selic

Sede do Banco Central em Brasília - Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Sede do Banco Central em Brasília - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

No exterior, um cenário de inflação ainda pressionada nos Estados Unidos e a consequente alta de juros ainda preocupam o mercado. Enquanto isso, aqui no Brasil, os gastos do governo e a autonomia do Banco Central também são pontos de atenção.

Para o economista Teco Medina, um possível cenário é uma economia menos aquecida, com crescimento menor neste ano devido à taxa básica de juros (11,25% ao ano) ainda alta.

O mercado também avalia quem pode substituir o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à frente da autarquia. Isso porque o mandato de Campos Neto se encerra ao final de 2024.

“A gente corre o risco de alguém entrar [no Banco Cental] e cortar juros a qualquer custo. Isso seria uma tragédia. Em 9% ao ano não temos como cortar mais ainda os juros. Pode ocorrer um estrago via inflação e câmbio”, afirma Medina.

O consenso de mercado estima uma taxa Selic de cerca de 9% a.a. ao final de 2024. Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, afirmou que existe um risco na transição da presidência do BC.

“A popularidade do presidente Lula pode definir quem será o escolhido para o cargo”, ressaltou. A inflação de alimentos, segundo Kautz, pode afetar ainda mais a queda da popularidade do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e isso pode motivar que a indicação ao cargo seja mais flexível às vontades do governo.

Medina pontuou que a autonomia do Banco Central foi uma grande conquista. Na visão do economista, a autarquia não deve estar associada à política. Os economistas falaram em evento da EQI sobre Renda Fixa, que acontece nesta quinta-feira (14), em São Paulo.