Em 2024, os bancos públicos federais Banco do Brasil (BB)(BBAS3) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se destacaram como os principais responsáveis pela concessão de empréstimos a estados e municípios no Brasil.
Ambos totalizaram um valor expressivo de R$ 37,4 bilhões, o que representa mais da metade dos R$ 51,2 bilhões injetados no setor público.
As informações são da reportagem de Idiana Tomazelli para o jornal Folha de S.Paulo.
Banco do Brasil concede R$ 19,06 bilhões em crédito
O Banco do Brasil (BB) se consolidou como o principal financiador dos governos regionais, e liberou R$ 19,06 bilhões para estados e municípios em 2024.
Embora este valor represente uma queda de 4% em comparação com 2023, quando o BB concedeu R$ 19,86 bilhões. A instituição manteve sua liderança no segmento de crédito público.
O Banco do Brasil (BB), com esse montante, superou seus concorrentes no setor, em reflexo a estratégia robusta de atuação voltada para o financiamento do setor público.
BNDES registra uma expansão recorde e apura crescimento de 502% no crédito público
Por sua vez, o BNDES apurou um aumento notável no volume de empréstimos e atingiu a marca de R$ 18,36 bilhões em 2024.
Este crescimento expressivo de 502% comparado aos R$ 3,05 bilhões do ano inicial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reflete a reorientação estratégica da instituição de fomentar investimentos públicos e contribuir para o desenvolvimento econômico.
BB e BNDES respondem por mais da metade do crédito liberado
Juntos, Banco do Brasil (BB) e BNDES responderam por R$ 37,4 bilhões dos R$ 51,2 bilhões destinados a estados e municípios em 2024.
A Caixa Econômica Federal (CEF) ocupou a terceira posição, com um total de R$ 8,6 bilhões em empréstimos contratados.
Os dados indicam que os bancos públicos federais continuam como os principais agentes na concessão de crédito para os entes subnacionais, e o BB e o BNDES representam cerca de 73,00% do volume total de operações.
Crédito público e a garantia implícita da União: Como funciona?
Uma característica importante do crédito concedido pelos bancos federais tem sido a garantia implícita dada pela União.
Como as instituições financeiras pertencem ao governo federal, elas têm a capacidade de assumir os riscos de inadimplência, com a própria União responsável por honrar os pagamentos em caso de calote.
Essa garantia oferece uma segurança adicional aos tomadores de crédito, e permite que os juros cobrados sejam mais baixos e os riscos, menores.
Banco do Brasil reforça liderança no Mercado de Crédito Público
O Banco do Brasil (BB), com suas novas contratações de crédito, assumiu a liderança no mercado de operações de crédito com o setor público.
De acordo com informações do banco, a carteira total de crédito público alcançou R$ 70,50 bilhões no terceiro trimestre de 2024, e superou a Caixa Econômica Federal, que possuía R$ 68,6 bilhões, e o BNDES, com R$ 39,36 bilhões.
A instituição afirmou que essa liderança foi resultado de uma “decisão estratégica” deliberada pelos órgãos de governança do banco, em resposta a um contexto favorável para o setor.
O Banco do Brasil (BB) destacou sua “metodologia robusta de análise de risco e limite de crédito”, que permite garantir operações com maior segurança e reduz os custos do crédito para os tomadores.
Segundo a instituição, 88% dos valores contratados pelo BB possuem garantia do Tesouro Nacional, o que assegura o pagamento em caso de inadimplência e permite que os juros cobrados sejam mais baixos, em benefício aos estados e municípios com uma oferta de crédito mais acessível.
BNDES alega retomada de atuação histórica
O BNDES, por sua vez, destacou que a expansão de sua atuação no financiamento do setor público reflete a “retomada da atuação histórica” da instituição no apoio a investimentos públicos.
A instituição tem buscado contemplar todos os entes, sem discriminação, e continua com uma média de novas concessões para estados de R$ 8,8 bilhões, um aumento substancial em comparação aos valores entre 2016 e 2022, quando a média foi de R$ 550 milhões.
Para os municípios, a média de liberação foi de R$ 2,10 bilhões.
O banco ainda afirmou que, embora a expansão do crédito público seja importante, o banco tem priorizado projetos com foco na resiliência climática e na redução das vulnerabilidades sociais.
Para o ano de 2025, o BNDES não estabeleceu uma meta específica para novas concessões, mas indicou que continua alinhado com as necessidades do governo federal para o financiamento de projetos públicos, inclusive aqueles relacionados ao Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Risco de inadimplência e estratégias de mitigação: O caso do Banco do Brasil
Embora os três bancos públicos adotem uma metodologia rigorosa para a análise de risco e garantam que a inadimplência seria praticamente inexistente, o Banco do Brasil (BB) concedeu R$ 2,26 bilhões sem exigência de garantias específicas.
Essas operações são mais caras para os tomadores, mas o BB afirmou que possui um “mecanismo de autoliquidez” para mitigar o risco de inadimplência, com a parcela do empréstimo diretamente subsidiada pelo banco, sem a necessidade de um documento fiscal de comprometimento.
As informações são da reportagem de Idiana Tomazelli para o jornal Folha de S.Paulo.