As exportações da China surpreenderam em março ao registrarem um crescimento de 12,4% em relação ao ano anterior, seu maior salto em cinco meses. O resultado, bem acima dos 4,4% esperados por economistas, foi impulsionado por um movimento acelerado das fábricas para despachar produtos antes da entrada em vigor de novas tarifas impostas pelos Estados Unidos (EUA).
No entanto, o clima de euforia foi rapidamente abafado pela intensificação da guerra comercial com Washington, que ameaça ofuscar a recuperação econômica da segunda maior potência do mundo.
O presidente dos EUA, Donald Trump, reacendeu as tensões globais ao anunciar tarifas amplas para diversos países em 2 de abril, com uma guinada estratégica dias depois: suspendeu parcialmente as taxas mais severas para algumas economias, mas aplicou tarifas ainda mais duras sobre a China, o que levou Pequim a reagir.
Apesar da trégua temporária para alguns setores — como a exclusão de smartphones e outros eletrônicos de uma tarifa extra de 125% — as tarifas de 20% sobre importações chinesas seguem ativas.
A retórica de Trump, com mensagens contraditórias nas redes sociais durante o fim de semana, adicionou ainda mais incertezas aos mercados.
O índice chinês CSI300 teve uma leve alta de 0,3%, impulsionada mais por especulação do que por fundamentos.
Pequim responde
O presidente Xi Jinping defendeu publicamente a necessidade de “resistir à intimidação unilateral”, durante uma reunião com o premiê espanhol Pedro Sánchez, e embarcou em uma viagem estratégica pelo Sudeste Asiático para reforçar alianças regionais.
O governo chinês prometeu proteger sua economia de “choques externos”, e analistas esperam novos pacotes de estímulo fiscal e monetário nos próximos meses.
Desafios da economia chinesa
Apesar do bom desempenho das exportações, a economia chinesa segue fragilizada, com baixa confiança do consumidor, crise no setor imobiliário e pressões deflacionárias.
Para piorar, as previsões de crescimento foram revistas para baixo: o Goldman Sachs reduziu sua projeção de PIB para 2025 de 4,5% para 4%, enquanto o Citi cortou de 4,7% para 4,2%, bem abaixo da meta oficial de “cerca de 5%”.