
A Páscoa de 2025 pode ser mais cara para os consumidores brasileiros. O motivo é a alta expressiva no preço do cacau, que atingiu recordes históricos em dezembro, elevando os custos de produção do chocolate.
Na ocasião, a tonelada de cacau foi comercializada por US$ 11.040 na Bolsa de Valores de Nova York, uma alta de 163% em relação ao mesmo período de 2023.
Essa valorização reflete a crise no fornecimento global da matéria-prima, causada por problemas climáticos nas lavouras dos principais produtores, localizados na África.
Crise no fornecimento de cacau
A Costa do Marfim, que responde sozinha por 45% da produção mundial de cacau, enfrenta uma série de desafios que comprometem o abastecimento da amêndoa.
O continente africano, responsável por 70% do fornecimento global, sofre com eventos climáticos extremos, como estiagens e chuvas fora de época, além de pragas e doenças como a podridão parda, causada por um fungo que deteriora os frutos.
Outro fator que agrava a situação é o envelhecimento das plantações em países como a Costa do Marfim e Gana, segundo maior produtor mundial. A falta de investimentos na renovação das árvores reduziu a produtividade das lavouras ao longo dos anos.
Chocolate brasileiro
O Brasil responde por apenas 4% da produção mundial de cacau e não consegue suprir sua própria demanda.
Em 2024, o mercado nacional precisou de 229 mil toneladas da matéria-prima, mas a colheita foi de apenas 179,4 mil toneladas, uma queda de 18,5% em relação a 2023.
O impacto já chegou aos preços dos chocolates.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os valores subiram nos últimos 12 meses até janeiro:
- Chocolate em barra e bombons: +16,53%
- Chocolate em pó e achocolatados: +12,49%
A Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia) estima que o aumento acumulado no preço do cacau nos últimos 12 meses impactará diretamente o preço dos ovos de Páscoa deste ano.
Ovos de Páscoa mais caros e em menor quantidade
A produção de ovos de Páscoa será reduzida em 22,4% este ano. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), 45 milhões de unidades devem ser fabricadas, contra 58 milhões no ano passado.
Apesar do aumento nos custos, o setor busca estratégias para evitar repasses bruscos ao consumidor. Entre as alternativas, estão a diversificação dos produtos e a incorporação de ingredientes alternativos, como biscoitos e recheios variados.
Mesmo assim, os preços devem acompanhar a variação da indústria de chocolates nos últimos 12 meses, tornando os tradicionais ovos de Páscoa um item ainda mais valioso neste ano.