Ajuste nas contas públicas

Como Haddad e Tebet querem convencer Lula a cortar gastos?

As iniciativas visam desacelerar o crescimento dos gastos públicos e devem ser discutidas após o segundo turno das eleições municipais

Fernando Haddad
Fernando Haddad | Foto/Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo

A equipe econômica do governo brasileiro, liderada pelos ministros Fernando Haddad (PT-SP)(Fazenda) e Simone Tebet (MDB-MS)(Planejamento e Orçamento), iniciou a fase final de suas propostas que serão apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As iniciativas visam desacelerar o crescimento dos gastos públicos e devem ser discutidas após o segundo turno das eleições municipais.

Embora a proposta esteja em desenvolvimento, a decisão final do presidente da República permanece incerta, o que tem sido reconhecido por seus auxiliares, informou a reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.

Para contornar essa insegurança, a lista de medidas de contenção preparada foi extensa e foca em mais de uma dezena de iniciativas focadas em áreas cruciais como educação, saúde, Previdência Social e benefícios para militares.

Um auxiliar do presidente descreveu o pacote como “robusto”, o que permitiria que Lula tenha flexibilidade na escolha das ações que deseja implementar.

Ajustes agora, resultados em 2026

De acordo com o periódico, os integrantes da equipe econômica ressaltam que as propostas não visam o cumprimento das metas de 2025.

O foco está em 2026, ano em que muitos analistas acreditam que o cumprimento das regras do arcabouço fiscal vai se tornar inviável.

Esse cenário gera ceticismo nos mercados e resulta em juros mais altos para financiar a dívida pública e em um dólar mais caro.

E como Lula pode ser persuadido?

Com o aumento de uma pressão tanto nas contas públicas quanto no mercado financeiro, os ministros Simone Tebet e Fernando Haddad enfrentam o desafio de convencer Lula a adotar o pacote fiscal.

O argumento central seria de que nem todas as medidas precisam ser aprovadas de imediato.

Ministros propõem avançar gradualmente em direção a uma revisão estrutural das políticas públicas.

Haddad e Tebet defendem reformas estruturantes para aliviar ruídos fiscais

A equipe destaca que, se ao menos duas das medidas mais relevantes forem aprovadas, seria possível gerar uma economia de até R$ 40 bilhões, o que poderia tornar viável a implementação do arcabouço fiscal.

Caso as propostas não sejam aprovadas em 2024, existe a possibilidade de que sejam adiadas para o início de 2025, desde que estejam prontas para execução em 2026.

Janela favorável para contenção de gastos

Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acreditam que existe uma janela de oportunidade para persuadi-lo sobre a necessidade de controlar os gastos públicos.

Recentemente, foi concluído um pente-fino nas despesas do Bolsa Família e na Previdência Social, que resultou em ganhos esperados de R$ 25 bilhões em 2025.

Essa reavaliação das contas indica que ajustes mais profundos são necessários.

Promessas de benefícios e a projeção de abertura de espaço fiscal

Se o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidir adotar a agenda proposta, existe a possibilidade de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, conforme prometido pelo presidente da República durante as eleições em 2022.

A equipe econômica discute maneiras de financiar essa ampliação, que pode custar entre R$ 35 bilhões e R$ 100 bilhões, a depender da estrutura da medida.

A revisão de gastos pode criar um espaço fiscal adicional para cumprir essa promessa.

Impacto das eleições municipais

Os resultados das eleições municipais também são monitorados pela presidência da República.

Lula busca manter o apoio político em um cenário em que partidos ao centro e à direita moderada obtiveram resultados positivos.

Sinais de melhoria econômica precisam se consolidar para atrair mais eleitores

Com indícios de melhora na economia, como a queda do dólar, redução nas taxas de juros e controle da inflação, existe a expectativa de que isso possa ajudar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a atrair eleitores da classe média.

Esse movimento pode ser crucial para reter o apoio de governadores e partidos que atualmente flertam com candidatos que poderiam suceder o bolsonarismo.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.