A forte valorização do dólar no mês de dezembro de 2024 deve nos levar à marca do pior fluxo cambial mensal da história do Brasil, conforme dados preliminares divulgados pelo Banco Central.
A série histórica do fluxo cambial do BC começou em janeiro de 1982, e os números divulgados indicam que, até o dia 20 de dezembro, o país registrou uma saída de US$ 18,4 bilhões, apesar das sucessivas intervenções da autoridade monetária no mercado.
Se a tendência continuar, o fluxo cambial negativo deste mês pode ultrapassar o recorde de setembro de 1998, quando o Brasil registrou um saldo negativo de US$ 18,90 bilhões.
Impacto das intervenções no mercado de câmbio para frear a alta do dólar
O Banco Central tem concentrado seus esforços em intervir no mercado cambial para mitigar os impactos dessa saída recorde de recursos.
No entanto, os dados preliminares mostram que, até agora, essas medidas não foram suficientes para evitar um rombo significativo nas contas externas.
O saldo de dezembro já está negativo em US$ 10,0 bilhões, após uma sequência de saídas de recursos no mês.
Com a continuidade dessa dinâmica, existe a previsão de que o fluxo cambial de dezembro supere o recorde histórico negativo de setembro de 1998.
Este dado foi calculado a partir do saldo positivo acumulado de US$ 8,396 bilhões até o mês de novembro, combinado com a saída recorde observada em dezembro.
Comparações com 2023 e informações dos fluxos comercial e financeiro
Em 2023, o fluxo cambial total foi positivo, a US$ 11,4 bilhões, um número consideravelmente mais favorável em comparação com o saldo negativo projetado para 2024.
Esse contraste evidencia o agravamento da situação econômica e financeira do Brasil, refletido principalmente no desempenho do fluxo financeiro.
O fluxo financeiro, que abrange transações de natureza especulativa e de investimentos, foi o maior responsável pelo fluxo cambial negativo acumulado até o momento.
O canal financeiro registrou uma saída líquida de US$ 76,560 bilhões no ano de 2024 até o dia 20 de dezembro.
Essa saída expressiva tem impacto direto sobre a disponibilidade de dólares no mercado e contribui para a pressão sobre o câmbio.
Por outro lado, o fluxo comercial tem mostrado um desempenho positivo.
Até o dia 20 de dezembro de 2024, as entradas líquidas no fluxo comercial somaram US$ 66,52 bilhões, o que ajuda a equilibrar parcialmente o saldo geral do fluxo cambial do país.
O fluxo comercial se compõe, principalmente, pelas transações relacionadas ao comércio exterior, como exportações e importações.