Câmbio

DÓLAR HOJE - Tensões comerciais e diferencial de juros entre Brasil e EUA influenciam o câmbio

Moeda norte-americana inicia o dia em leve alta e cotação atinge R$ 5,69

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ATUALIZAÇÕES DA COTAÇÃO DO DÓLAR:

  • – 9:15: Dólar comercial (compra): +0,07%, cotado a R$ 5,691.

Na sessão anterior…

Na última sexta-feira (25), o dólar comercial (compra) fechou em queda de 0,09%, cotado a R$ 5,686.

O que influencia o dólar?

A expectativa de juros mais altos no Brasil, combinada com a possibilidade de cortes nas taxas pelo Federal Reserve (Fed) diante dos sinais de desaceleração da economia americana, amplia o diferencial de juros entre os dois países e influencia o dólar.

Isso porque, esse cenário torna os investimentos no Brasil mais atraentes, o que favorece a entrada de dólares e, consequentemente, a valorização do real.

As apostas de juros mais altos no Brasil foram estruturadas com a divulgação do IPCA-15 de abril, que subiu 0,43% e acumulou 5,49% em 12 meses. O índice reforçou a percepção de que a inflação no Brasil continua pressionada, acima do centro da meta oficial.

Com isso, aumentaram as apostas de que o Banco Central (BC) eleve a Selic em 0,5 ponto percentual na próxima reunião.

Tensões comerciais

Além disso, as tensões comerciais globais, especialmente envolvendo os Estados Unidos e a China, aumentam a volatilidade e continuam pressionando o dólar.

A política tarifária americana, caso se intensifique, pode prejudicar ainda mais o crescimento dos EUA, o que impulsiona a busca por ativos em mercados emergentes.

Para o Brasil, as notícias comerciais recentes são positivas: a China aprovou a abertura de seu mercado de pesca extrativa para produtos brasileiros e importou 11 milhões de toneladas de amendoim do Brasil, enquanto cancelou a compra de 12 mil toneladas de carne suína dos Estados Unidos, um movimento que tende a favorecer ainda mais o agronegócio brasileiro.

O país também ampliou suas exportações de óleo de aves para o Peru, o que ajuda a melhorar a balança comercial e a entrada de dólares.

Brasil

Nesta segunda-feira (28), o mercado financeiro local fica atento as novas previsões do Boletim Focus, do Banco Central (BC), para o IPCA (inflação), PIB (crescimento), Selic (juros) e dólar em 2025, 2026, 2027 e 2028.

Na agenda de eventos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá um dia cheio, com reuniões pela manhã com integrantes da Secretaria de Comunicação Social e, à tarde, encontros com o Secretário Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil e o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, além de participar da cerimônia de assinatura de contratos de concessão de rodovias no Paraná.

Já o ministro Fernando Haddad (PT-SP) fará palestra no evento J. Safra Macro Day, em São Paulo, e participará do lançamento do 2º Leilão Eco Invest.

Enquanto isso, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, também estará no J. Safra Macro Day e terá compromissos fechados no período da tarde.

Balanços

Após o fechamento de mercado desta segunda-feira (28), a Gerdau (GGBR3)(GGBR4) informa seus números financeiros referentes ao 1° trimestre de 2025.

BRICS

Ministros de Relações Exteriores dos 11 países que compõe o BRICS se reúnem nesta segunda-feira (28) e amanhã (29) no Rio de Janeiro (RJ) para discutir clima, paz, segurança e comércio exterior, em meio à guerra tarifária iniciada por Donald Trump.

A expectativa é de uma declaração conjunta, crítica às “medidas unilaterais” dos EUA e em defesa da Organização Mundial do Comércio (OMC), ainda nesta segunda-feira.

O texto foi preparado pelos negociadores (sherpas) e será avaliado pelos chanceleres.

FMI

Em comunicado após a 51ª Reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional, o FMI avaliou que a economia global vive um “momento pivotal”, com tensões comerciais elevando a incerteza, a volatilidade dos mercados e os riscos ao crescimento e à estabilidade financeira.

O Fundo projeta desaceleração da economia mundial no curto prazo e defende reformas fiscais e estruturais para impulsionar o crescimento liderado pelo setor privado.

Sobre o Brasil, o diretor do Hemisfério Ocidental do FMI, Rodrigo Valdés, destacou o “forte desafio fiscal” e cobrou medidas do governo Lula para conter o avanço da dívida pública.

A projeção do Fundo é que a dívida bruta suba de 87,3% do PIB em 2024 para 92% em 2025, chegando a 96% em 2026, o maior nível desde 2020.

EUA

Nesta segunda-feira (28), o mercado norte-americano lida com uma agenda de indicadores e eventos econômicos esvaziada.

Tom mais suave de Trump

O fim de semana foi de alívio nos mercados globais, após o presidente dos EUA, Donald Trump, adotar um discurso mais “razoável” sobre tarifas, o que favoreceu o fechamento positivo das bolsas na sexta-feira (28).

Apesar disso, as tensões com a China seguem sem avanços concretos. Enquanto Trump afirma manter conversas com Pequim, autoridades chinesas acusam o presidente americano de divulgar “fake news”.

O tom mais ameno, mesmo sem ações práticas, é visto como sinal de que Trump não pretende anunciar novas medidas agressivas no curto prazo.

Além disso, também pesaram na melhora do sentimento relatos de que a China isentou tarifas sobre alguns semicondutores dos EUA, embora analistas avaliem a decisão como uma tentativa de proteger suas empresas de tecnologia, não um gesto de conciliação.

Segundo o Washington Post e o portal chinês Caijing, ao menos oito tipos de microchips americanos tiveram tarifas zeradas.

A China, que depende de chips avançados de empresas como Nvidia, Qualcomm e AMD, evitou comentar oficialmente a medida.

Em paralelo, a China reduziu as compras de soja dos EUA, pressionando o setor agrícola americano.

A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, afirmou que Washington já busca novos mercados para suas commodities, como Argentina e Brasil.

Já o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse ter se reunido com representantes chineses no FMI, mas negou ter tratado de tarifas.

Popularidade de Trump

Nova pesquisa NYT/Siena mostra que 54% dos eleitores americanos acreditam que Donald Trump está exagerando na expansão do Poder Executivo e expressam profundas dúvidas sobre sua agenda.

A maioria descreve os primeiros meses de governo como “caóticos” e “assustadores”.

Assim, a aprovação de Trump é de 42%, com forte rejeição às suas políticas de tarifas, imigração e cortes no funcionalismo — especialmente entre independentes, entre os quais sua aprovação caiu para 29%.

Mesmo prometendo novos cortes de impostos, Trump enfrenta perda de apoio e um mercado financeiro em queda.

Desde sua posse, o S&P 500 acumula baixa de 8%, caminhando para o pior desempenho nos primeiros 100 dias de um presidente desde Gerald Ford.

Analistas apontam volatilidade histórica nos mercados, alimentada por incertezas e mudanças abruptas de política.

Tensões da geopolítica

O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, criticou neste domingo (27) a proposta do presidente Donald Trump, para que a Ucrânia ceda territórios à Rússia em troca de um cessar-fogo, classificando a ideia como uma “capitulação”.

Em entrevista à NBC, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que um acordo de paz precisa ser alcançado “em breve” e que os EUA avaliam se ainda vale a pena seguir mediando o conflito.

Trump, por sua vez, declarou em sua rede Truth Social que “Putin, talvez, não queira a paz e precise ser tratado de forma diferente”, após encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky nos funerais do Papa Francisco, em Roma.